- A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL -
A participação dos maçons ou da maçonaria nos movimentos de emancipação dos povos em todos os Continentes é notório. A história Universal descreve com abundância de fatos os eventos cuja realização só foi possível através da iniciativa maçônica ou isoladamente, por maçons proeminentes.
Na história do Brasil, em todas as fases da consolidação da Colônia em Nação, não faltou em nenhum momento a orientação efetiva da maçonaria.
As Idéias Liberais
Não nos parece correto afirmar a existência de levantes revolucionários da colônia isto dentro do rigor científico do termo, não por falta de coragem dos colonos, mas pelo fato de o Brasil nunca ter experimentado a sociedade como um todo. O Brasil não viveu a revolução.
Na (Revolução Francesa, diferentemente do Brasil, não existiam classes, mas tão somente franceses, dentro de um típico liberalismo. Nas colônias portuguesas, diversamente, tínhamos os portugueses do Brasil, os portugueses de Angola, etc. Portugal, entretanto, experimentou revoluções liberais como a de 1820, conhecida como a Revolução do Porto. Há os que admitem uma revolução liberal no Brasil, a dos Farrapos, mas, ainda assim, esta só se deu com referências as relações sociais especificas, pois não há como comparar o binômio peão vs. fazendeiro com o senhor vs. Escravo.
Sem um modelo liberal, o Brasil pertencia materialmente ao rei segundo concepção do Direito Divino. Donatários tinham usufruto, mas a propriedade da terra era do rei.
O modelo de liberalismo como projeto de uma ordem social e um projeto de classes foi inicialmente, estabelecido por Napoleão Bonaparte. Ele procurou demonstrar que liberalismo e ordem eram compatíveis e possíveis. Este foi o modelo escolhido por D. Pedro para o Império do Brasil, influenciado por José Bonifácio. Este projeto procurava conciliar perspectivas autocráticas com concepções liberais, e D. Pedro I se apresentava revestido da autoridade por direito de sangue e Primeiro Cidadão.
O entendimento de Estado Nacional, pelo menos para lideranças como José Bonifácio, ia na direção de formar um Estado Nacional independente, unindo a noção de direito divino (graça divina), do sangue com pensamento liberal.
Este pensamento norteava aquela classe dominante naquele período gravíssimo. Mudanças eram, necessárias, mas sem revolução, pois nenhum Estado Absoluto sobreviveria à onda liberal (leia-se Revolução Francesa).
Qualquer revolução numa sociedade escravista, como o Brasil de então, traria consideráveis riscos para as “cabeças coroadas”(classe dominante). Por isto, essa classe nunca desejou a revolução. Nada garantiria que coma revolução liberal os escravos não fossem levantar-se contra os antigos senhores.
O grupo dominante temia a revolução porque era escravista. A revolução transformaria os escravos em cidadãos. A solução, então, era realizar uma transformação política sem que os escravos se tornassem cidadãos. Construir uma Nação mantendo a escravidão, Isto mostra que o caráter da independência brasileira foi elitista e dominante. Uma Nação organizando homens livres em torno do Imperador, assessorado por homens do Rio de Janeiro, administrando as Províncias. Uma Nação composta de homens livres mantendo, de alguma forma, a escravidão. Algo como o antigo aparthaid da África do Sul. Esta estrutura só seria possível sem a revolução; com ela o modelo estaria condenado. O papel da inquisição em paises como Portugal e Espanha, onde o Santo Ofício se utilizou deste flagelo como instrumento de controle social ideológico, fez com que nos países latinos a MAÇONARIA tornasse o caráter de uma instituição semi-clandestina, empenhada em fazer política de oposição de caráter liberal e propaganda anti-clerical.
Á Maçonaria chega ao Brasil a reboque das idéias iluministas adquiridas por estudantes brasileiros na Europa, notadamente os residentes em Portugal, França e Inglaterra. Fica claro que os maçons liam corno estímulo contra o absolutismo português, autores como Montesquieu, Voltaire, Rousseau, Volney (As Ruínas), entre outros.
De acordo com o Decreto 125 de 29 de setembro de 1821,0 rei de Portugal D. João VI extinguiu o reinado do Brasil e determinou o regresso de D. Pedro com toda a família real para Portugal. Nessa época, funcionavam no Rio de Janeiro, a Loja Maçônica Comércio e Artes, da qual eram membros vários homens ilustres da corte como Cônego Januário da Cunha Barbosa, Joaquim Gonçalves Ledo e José Clemente Pereira entre outros. Esses maçons reunidos e após terem obtidos a adesão dos irmãos de São Paulo, Minas Gerais e Bahia, resolveram fazer um apelo a D. Pedro para que permanecesse no Brasil e que culminou com o célebre “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto, diga ao povo que fico”
Mas não parou ai o trabalho dos maçons. Começou-se logo em seguida. Um movimento coordenado, entre os irmãos de outras províncias brasileiras com intuito de promover a Independência do Brasil.
Os movimentos nativistas para a convocação de uma assembléia constituinte a concessão do título de Príncipe Regente Constitucional e Defensor Perpétuo do Reino Unido do Brasil”, outorgado D. Pedro, pelos brasileiros, acirrou ainda mais os ânimos entre portugueses e nativistas.
Nessa época, havia na metrópole, três lojas maçônicas funcionando, a “Comércio e Artes”, a “Esperança de Niterói” e a União e Tranqüilidade’, e nenhuma pessoa era iniciado em qualquer das lojas, sem que fossem conhecidas suas opiniões sobre a independência do Brasil e o neófito jurava não só defendê-la como também promovê-la.
Em princípios do ano de 1822, funda-se no Rio de Janeiro, o Grande Oriente, onde se filiaram todas as lojas existentes naquele oriente, sendo eleito seu primeiro Grau Mestre José Bonifácio de Andrada e Primeiro Grande Vigilante Joaquim Gonçalves Ledo.
A 13 de julho de 1822, por proposta de José Bonifácio, D. Pedro é iniciado na maçonaria na loja Comércio e Artes e logo elevado ao grau de Mestre Maçom.
Enquanto isso crescia em todo o Brasil. o movimento pela Independência, encabeçado pelos maçons.Os acontecimentos se sucediam, até que a 20 de agosto de 1822 é convocada uma reunião extraordinária do Grande Oriente e nessa reunião assume o malhete da loja, Joaquim Gonçalves Ledo que era o primeiro Grande Vigilante, devido a ausência de José Bonifácio ( que se encontrava viajando.) Joaquim Gonçalves Ledo, profere um eloqüente e enérgico discurso, expondo a todos os irmãos presentes, a necessidade de se proclamar imediatamente a Independência do Brasil. A proposta foi posta em votação e aprovada por todos e em seguida lavrou-se a ata dessa reunião.
Presume-se que a cópia da ata dessa memorável reunião,tenha sido enviada D. Pedro, juntamente com outros documentos que alcançaram na tarde do dia 7 de setembro de 1822 as margens do riacho Ipiranga e culminou com a proclamação da Independência do Brasil oficialmente naquele dia e que a história assim registra.
Citando Pandiá Calógeras, em seu livro Formação Histórica do Brasil, página 103, encontramos essa afirmação: “Não há mais quem possa negar à Maçonaria um papel preponderante na emancipação política do Brasil. Realmente desde l815, como fundação da loja ‘Comércio e Artes”a idéia independencista começou a agitar os espíritos brasileiros. Em 1820, descoberta urna conjuração, foram perseguidos tenazmente os ‘maçons”.
Porém no ano seguinte, conseguiram eles triunfar, organizando lojas pelos quatro cantos do país. E cm princípio de 22, com a criação do “Grande Oriente”os carbonários adquiriram um formidável prestigio político. Nesse movimento maçônico em prol das independência distingui-se uma figura extraordinária de agitador: Joaquim Gonçalves Ledo.
A frente do movimento, enérgico e vivaz, achavam-se a maçonaria e os maçons. Seus principais chefes e luzes das oficinas tem de ser nomeados, como primeiros obreiros da grande tarefa: Joaquim Gonçalves ledo, José Clemente Pereira, Cônego Januário da cunha Barbosa, José Joaquim da Rocha, figuram entre os maiores”.
Gustavo Barroso em seu livro História Secreta do Brasil — “A Independência do Brasil foi realizada à sombra da Acácia, cujas raízes prepararam o terreno para isso”, “A maçonaria era verdade, o centro emancipador, reconhece grande autoridade no assunto, o senhor Mário Bering, Grão Mestre da maçonaria brasileira”. Ninguém, ignora que a independência nacional foi concebida e proclamada entre as quatro paredes dos templos maçônicos”. Nos bastidores do mistério de Adelino de Figueiredo Lima.
E aos poucos vão-se dando os passos: A 13 de maio de 1822, propôs o brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto se conferisse ao príncipe o titulo de Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil. D. Pedro, receoso ainda, não aceitou o título totalmente, apenas o de Defensor Perpétuo e o fez colocar as Iniciais (D.P.) nas peças do uniforme, nos arreios, nos coches, nas librés, nos móveis, nos portões, etc. em tudo que se referisse à corte e à pessoa do futuro soberano.
E quando, a cavalo, rodeado dos dragões à austríaca, e dos membros da sua comitiva, amarfanhou os papéis, arrancou da espada as palavras que abriram novos horizontes ao Brasil: INDEPENDÊNCIA OU MORTE”, realizava ao público o que já se resolvera nos subterrâneos. A independência política já fora proclamada na maçonaria na sessão de 20 de agosto c em assembléia. geral do povo maçônico, reunidas na sede do Apostolado das três lojas metropolitanas, sob a presidência de Gonçalves Ledo.
Ö Brasil, no meio das nações independentes, e que falam com exemplo de felicidade, não pode conservar-se colonialmente sujeito a uma nação remota e pequena, (Portugal) sem forças para defende-lo e ainda para conquista-lo. As nações do Universo tem os olhos sobre nós, brasileiros, e sobre ti. Príncipe! Cumpre aparecer entre elas como rebeldes ou como homens livres e dignos de o ser. Tu já conheces os bens e os males que te esperam e à tua posteridade. Queres ou não queres. Resolve, Senhor! (final do discurso de Gonçalves Ledo).
E nas festas que acolheram o jovem fundador do império. Em Piratininga... e mesma noite em que chegou a São Paulo, tomou posse D. Pedro do cargo Grão Mestre da Maçonaria, aclamado por todos, no recinto da loja. Vestira-se de pompa a loja para receber o aprendiz Guatimozim, já anteriormente iniciado nos nossos mistérios por José Bonifácio.
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