sábado, 17 de julho de 2010

Respostas às Perguntas Mais Frequentes Acerca da Maçonaria

O que é a Maçonaria?
— A Maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista.
Porque é Filosófica?
— É filosófica porque em seus atos e cerimônias Ela trata da essência, propriedades e efeitos das causas naturais. Investiga as leis da natureza e relaciona as primeiras bases da moral e da ética pura.
Porque é Filantrópica?
— É filantrópica porque não está constituída para obter lucro pessoal de nenhuma classe, senão, pelo contrário, suas arrecadações e seus recursos se destinam ao bem estar do gênero humano, sem distinção de nacionalidade, sexo, religião ou raça.
Procura conseguir a felicidade dos homens por meio da elevação espiritual e pela tranqüilidade da consciência.
Porque é Progressista?
— É progressista porque, partindo do princípio da imortalidade e da crença em um princípio criador regular e infinito, não se aferra a dogmas, prevenções ou superstições. E não põe nenhum obstáculo ao esforço dos seres humanos na busca da verdade, nem reconhece outro limite nessa busca senão a da razão com base na ciência.
Quais são os seus princípios?
— A liberdade dos indivíduos e dos grupos humanos, sejam eles instituições, raças, nações; a igualdade de direitos e obrigações dos seres e grupos sem distinguir a religião, raça ou nacionalidade; a fraternidade de todos os homens, já que somos todos filhos do mesmo Criador e, portanto, humanos e como conseqüência, a fraternidade entre todas as nações.
Qual é o seu lema
Ciência — Justiça — Trabalho.
Ciência, para esclarecer os espíritos e elevá-los;
Justiça, para equilibrar e enaltecer as relações humanas;
Trabalho, por meio do qual os homens se dignificam e se tornam independentes economicamente.Em uma palavra, a Maçonaria trabalha para o melhoramento intelectual, moral e social da humanidade.
Qual é o seu objetivo?
— Seu objetivo é a investigação da verdade, o exame da moral e a prática das virtudes.
O que a entende a Maçonaria por moral?
— Moral é para a Maçonaria uma ciência com base no entendimento humano. É a lei natural e universal que rege todos os seres racionais e livres. É a demonstração científica da consciência. E essa maravilhosa ciência nos ensina nossos deveres e a razão do uso dos nossos direitos. Ao penetrar a moral no mais profundo de nossa alma sentimos o triunfo da verdade e da justiça.
O que entende a Maçonaria por virtude?
— A Maçonaria entende que virtude é a força de fazer o bem em seu mais amplo sentido; é o cumprimento de nossos deveres para com a sociedade e para com a nossa família, sem interesse pessoal. Em resumo: a virtude não retrocede nem ante o sacrifício e nem mesmo ante a morte, quando se trata do cumprimento do dever.
O que entende a Maçonaria por dever?
—A Maçonaria entende por dever o respeito e os direitos dos indivíduos e da sociedade. Porém não basta respeitar a propriedade apenas, mas, também devemos proteger e servir os nossos semelhantes. A Maçonaria resume o dever do homem assim: "Respeito a Deus, amor ao próximo e dedicação à família". Em verdade, essa é a maior síntese da fraternidade universal.
A Maçonaria é religiosa?
— Sim, é religiosa, porque reconhece a existência de um único princípio criador, regulador, absoluto, supremo e infinito ao qual se dá o nome de GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO, porque é uma entidade espiritualista em contraposição ao predomínio do materialismo. Estes fatores que são essenciais e indispensáveis para a interpretação verdadeiramente religiosa e lógica do Universo, formam a base de sustentação e as grandes diretrizes de toda ideologia e atividade maçônica.
A Maçonaria é uma religião?
— Não. A Maçonaria não é uma religião. É uma sociedade que tem por objetivo unir os homens entre si. União recíproca, no sentido mais amplo e elevado do termo.E nesse seu esforço de união dos homens, admite em seu seio as pessoas de todos os credos religiosos, sem nenhuma distinção.
Para ser Maçom é necessário renunciar a religião à qual pertence?
— Não, porque a Maçonaria abriga em seu seio homens de qualquer religião, desde que acreditem em um só Criador, o Grande Arquiteto do Universo, que é Deus. Geralmente existe essa crença entre os católicos, mas, ilustres prelados tem pertencido à Ordem Maçônica; entre outros, o Cura Hidalgo, Paladino da Liberdade Mexicana; o Padre Calvo, fundador da Maçonaria na América Central; o Arcebispo da Venezuela, Don Rodrigo Ignácio Mendez; Padre Diogo Antônio Feijó; Cônego Luiz Vieira, José da Silva de Oliveira Rolin, da Inconfidência Mineira, Frei Miguelino, Frei Caneca e muitos outros.
Quais outros homens ilustres que foram Maçons?
— Filosofos como Voltaire, Goethe e Lessing; Músicos como Beethoven, Haydn e Mozart; Militares como Frederico o Grande, Napoleão e Garibaldi; Poetas como Byron, Lamartine e Hugo; Escritores como Castellar, Mazzini e Espling.
Somente na Europa houve Maçons ilustres?
— Não. Também na América houve. Os libertadores da América foram todos Maçons. Washington nos Estados Unidos; Miranda, o Padre da Liberdade sul-americana; San Martin e O’ Higgins, na Argentina; Bolivar, no norte da América do Sul; Marti, em Cuba; Benito Juarez, no México e o Imperador D. Pedro I, no Brasil.
Quais os nomes de destaque no Brasil que foram Maçons?
— D. Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias), Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto, Prudente de Morais, Campos Salles, Rodrigues Alves, Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca, Wenceslau Braz, Washington Luiz, Rui Barbosa e muitos outros.
Então a Maçonaria é tolerante?
— A Maçonaria é eminentemente tolerante e exige de seus membros a mais ampla tolerância. Respeita as opiniões políticas e crenças religiosas de todos os homens, reconhecendo que todas as religiões e ideais políticos são igualmente respeitáveis e rechaça toda pretensão de outorgar situações de privilégio a qualquer uma delas em particular.
O que a Maçonaria combate?
— A ignorância, a superstição, o fanatismo. O orgulho, a intemperança, o vício, a discórdia, a dominação e os privilégios.
A Maçonaria é uma sociedade secreta?
— Não, pela simples razão de que sua existência é amplamente conhecida. As autoridades de vários países lhe concedem personalidade jurídica. Seus fins são amplamente difundidos em dicionários, enciclopédias, livros de história, etc. O único segredo que existe e não se conhece senão por meio do ingresso na instituição, são os meios para se reconhecer os maçons entre si, em qualquer parte do mundo e o modo de interpretar seus símbolos e os ensinamentos neles contidos.
Quais a principais obras da Maçonaria no Brasil?
— A Independência, a Abolição e a República. Isto para citar somente os três maiores feitos da nossa história, em que os Maçons tomaram parte ativa.
Quais as condições individuais indispensáveis para poder pertencer à Maçonaria?— Crer na existência de um princípio Criador; ser homem livre e de bons costumes; ser consciente de seus deveres para com a Pátria, seus semelhantes e consigo mesmo; ter uma profissão ou ofício lícito e honrado, que lhe permita prover as suas necessidades pessoais e de sua família e a sustentação das obras da Instituição.
O que se exige do Maçom?
— Em princípio, tudo aquilo que se exige ao ingresso em qualquer outra instituição: respeito aos seus estatutos, regulamentos e acatamento às resoluções da maioria, tomadas de acordo com os princípios que as regem; amor à Pátria; respeito aos governos legalmente constituídos; acatamento às leis do país em que viva, etc. E, em partiular: a guarda do sigilo dos rituais maçônicos: conduta correta e digna dentre e fora da Maçonaria; a dedicação de parte do seu tempo para assistir às reuniões maçônicas: à prática da moral, da igualdade e da solidariedade humana e da justiça em toda a sua plenitude.Ademais, se proíbe terminantemente dentro da instituição, as discussões políticas e religiosas, porque prefere uma ampla base de entendimento entre os homens afim de evitar que sejam divididos por pequenas questões da vida civil.
O que é um Templo Maçônico?
— É um lugar onde se reúnem os Maçons periodicamente para praticar as cerimônias ritualísticas que lhe são permitidas, em um ambiente fraternal e propício para concentrar a sua atenção e esforços para melhorar seu caráter, sua vida espiritual e desenvolver seu sentimento de responsabilidade, fazendo-lhes meditar tranqüilamente sobre a missão do homem na vida, recordando-lhes constantemente os valores eternos cujo cultivo lhes possibilitará acercar-se da verdade.
O que obtém sendo Maçom?
— A possibilidade de aperfeiçoar-se, de instruir-se, de disciplinar-se, de conviver com pessoas que, por suas palavras, por suas obras, podem constituir-se em exemplos; encontrar afetos fraternais em qualquer lugar em que se esteja dentro ou fora do país. Finalmente, a enorme satisfação de haver contribuído mesmo em pequena parcela, para a obra moral e grandiosa levada a efeito pelos homens. A Maçonaria não considera possível o progresso senão na base do respeito à personalidade, à justiça social e a mais estreita solidariedade entre os homens. Ostenta o seu lema "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" com a abstenção das bandeiras políticas e religiosas. O segredo maçônico, que de má fé e caluniosamente tem se servido os seus inimigos para fazê-la suspeita entre os espíritos cândidos ou em decadência, não é um dogma senão um procedimento, uma garantia, uma defesa necessária e legítima, porém como inevitavelmente tem sucedido com todo direito e seu dever correlativo. o preceito das reservas maçônicas já tem experimentado sua evolução nos tempos e segundo os países. A Maçonaria não tem preconceito de poderes, e nem admite em seu seio, pessoas que não tenham um mínimo de cultura que lhes permitam praticar os seus sentimentos e tenham uma profissão ou renda com que possam atender às necessidades dos seus familiares, fazer face às despesas da sociedade e socorros aos necessitados.

Fonte: Opúsculo editado pelo Grande Oriente do Brasil, baseado em texto publicado nos anos 70 no jornal "tres pontos", de Buenos Aires – Argentina.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

DIA DO HOMEM NO BRASIL I

Por ignorar medicina preventiva, homens têm menor expectativa de vida
Nesta quinta-feira é comemorado o dia do homem

Todos os anos, em 15 de julho, é celebrado o dia do homem, mas a data serve também como alerta. Eles cuidam muito mal da própria saúde e ignoram em sua maioria, os benefícios da medicina preventiva. Segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens brasileiros vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. Para o presidente nacional da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Modesto Jacobino, esse verdadeiro problema de saúde pública no Brasil se explica por quatro fatores culturais.

— Em primeiro lugar, o homem se considera o todo-poderoso e não acredita em prevenção, pois não vê o pai indo regularmente ao urologista, como a menina acompanha a mãe ao ginecologista. Além disso, não existem centros públicos de referência para atendê-los. Outro grande problema é a jornada de trabalho. Como ir a um posto de saúde no horário de trabalho? É preciso investir em horários altenativos. Mas, na minha opinião, o que me parece mais grave é que, ao encontrar profissionais do sexo feminino nos postos de atendimento, os homens se intimidam e dificilmente falam de seus problemas reais, dificultando o diagnóstico — explica.

Com esse panorama, alerta Jacobino, as estatísticas que mostram que os casos de disfunção erétil, câncer de próstata e andropausa aumentam gradativamente são alarmantes.

— Cerca de 50% da população masculina apresenta algum grau de disfunção erétil. Os 10% que procuram ajuda médica, em geral, demoram até três anos para chegar ao consultório — afirma.

Já o câncer de próstata é o mais frequente no homem, representando mais de 40% dos tumores que os atingem acima dos 50 anos. No Brasil, o Instituto Nacional de Combate ao Câncer (INCA) estima mais de 50 mil novos casos somente em 2010 e a causa da doença ainda não é bem conhecida.

A recomendação é que os homens com idade acima de 40 anos com história familiar de câncer de próstata, e acima de 45 anos, mesmo sem história familiar, façam os exames periódicos para a detecção precoce do câncer de próstata.

— Os homens negros com mais de 40 anos devem fazer o exame mesmo sem casos na família. Pois esta é a população mais atingida pela doença — explica.

Andropausa

No caso da Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) conhecida, também, como Andropausa, que faz referência a "menopausa" masculina, é um fenômeno caracterizado pela queda do hormônio sexual do homem - a testosterona - acompanhada de sintomas clínicos típicos.

A doença, que afeta de 10% a 30% dos homens acima de 60 anos, apresenta sintomas, principalmente relacionados à diminuição da libido (desejo sexual), alteração do desempenho e da freqüência sexual, cansaço físico e mental, irritabilidade, perda de massa muscular, aumento de gordura da região abdominal, perda de pêlos, alteração da textura da pele, que fica mais fina, e em alguns casos, osteoporose, o que pode ser controlado, caso aja acompanhamento médico.

Segundo Jacobino, se houvesse mais investimento e discussão em torno do assunto, a qualidade vida dos brasileiros seria melhor. Após diversas reuniões no ministério da Saúde, a SBU conseguiu colocar o tema no relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que ainda vai ser voltado.

- No Brasil, há 90 milhões de brasileiros do sexo masculino, 45 milhões deles em idade produtiva, pagando impostos e eles têm direito a receber essa contrapartida. Se o Congresso aprovar essa medida, política de saúde pública para homens será política de Estado no Brasil e não mais de governo - destaca.

Movimento pela Saúde Masculina

Com o propósito de promover a medicina preventiva entre os homens, a SBU, apoiada pela indústria farmacêutica Eli Lilly, criou o Movimento pela Saúde Masculina. A campanha tem o auxílio de um consultório móvel que está percorrendo as principais capitais brasileiras. Além disso, há um site informativo, Blog, Twitter e campanha televisiva.

Até o momento, mais de 10 mil homens visitaram o consultório. Na caravana uma equipe de enfermeiros traça o perfil do visitante e levanta todas as queixas e dúvidas. Os médicos realizam uma entrevista individual para orientar e indicar os melhores caminhos a serem tomados, e realizam somente exames físicos conforme cada caso.

— O Movimento pela Saúde Masculina busca esclarecer o papel do urologista na vida do homem, e conscientizar a população masculina sobre a importância do diagnóstico precoce como forma de prevenção de doenças — esclarece o Dr. Giovani Thomaz Pioner, Presidente da SBU do Rio Grande do Sul.

DIA DO HOMEM NO BRASIL II

Dia do Homem: comemore com saúde

Neste dia 15 de julho, comemora-se o Dia do Homem no Brasil. Um dos principais objetivos da data é melhorar a saúde masculina. Diferentemente das mulheres que se preocupam com a saúde e sempre procuram o médico, os homens não costumam frequentar os consultórios e uma das principais barreiras é cultural, relacionada com o conceito de masculinidade vigente em nossa sociedade.

Um dos maiores tabus relacionados à saúde masculina é a prevenção do câncer de próstata que, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens. A pesquisa “Saúde masculina: o homem e o câncer de próstata” encomendada ao Datafolha pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), com o apoio da Astra Zeneca, revelou que apenas 18% dos homens entrevistados fizeram o exame para detectar o câncer de próstata por prevenção e 66% respondeu que a esposa, a companheira ou a namorada, é a pessoa que mais influência na procura por um médico para prevenir e tratar a doença. A mesma pesquisa mostrou que o preconceito ainda é o maior vilão na luta contra o câncer de próstata. Entre os entrevistados, 77% concordam totalmente que “os homens não fazem exame de toque retal por preconceito”.

“Habitualmente, o homem procura o médico após apresentar algum sintoma que o preocupe. O grande problema é que nas fases iniciais o câncer de próstata não apresenta nenhum sintoma, e é neste momento que ele é potencialmente curável. Em contrapartida, quando o tumor torna-se sintomático, na maioria das vezes, já está em estágio mais avançado e as chances de cura são improváveis”, explica o dr. Marcos Dall’Oglio, chefe do departamento de Uro Oncologia da SBU.

Dados do Inca apontam que até o final de 2010 sejam 52.350 novos casos de câncer de próstata no Brasil, e em valores absolutos, é o câncer mais prevalente entre homens no mundo, representando cerca de 10% do total de cânceres.

domingo, 11 de julho de 2010

Copa 2010 Não Rendeu o Legado Que a África Sonhou


Por anos, a promessa de políticos e da Fifa era de que a Copa do Mundo de 2010 traria desenvolvimento para a África, o continente mais pobre do planeta. Mas, a cinco dias da abertura do Mundial, os números revelam um rombo nas contas do governo, gastos dez vezes maiores que o previsto inicialmente e um legado social discutível. Os estádios ainda serão usados após a Copa para partidas de rúgbi, já que o futebol não será suficiente para sequer manter os gastos das novas arenas.
Para tentar salvar a imagem da Copa, os políticos terão de entrar em cena. Durante a semifinal, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon e outros líderes estarão na África do Sul para uma cúpula que estabelecerá a meta de colocar todas as crianças na escola até 2014, data da próxima Copa. O presidente Luiz Inácio da Silva também estará presente.
Otimista, Zuma já disse que o impacto positivo provocado por essa Copa só é comparável ao efeito político que teve a libertação do líder negro Nelson Mandela da cadeia, 20 anos atrás. Mas a realidade dos números mostra uma situação pouco confortável.
Contrastes - A Fifa terá um lucro 50% superior ao que teve na Copa da Alemanha, cerca de US$ 3,2 bilhões. A entidade destinará apenas 3% desse valor para obras sociais por toda a África. Já o governo sul-africano gastou US$ 8 bilhões para organizar o evento. Por exigência da Fifa, deixou de coletar US$ 15 milhões em impostos de importação. A entidade ainda recebeu dois jatos, 300 carros e tem à sua disposição um serviço de saúde que custou US$ 80 milhões.
O governo sul-africano estimava inicialmente que os ganhos da Copa do Mundo seriam de 0,5% do PIB. Mas o Conselho de Pesquisa de Ciências Humanas calcula que os gastos públicos serão o equivalente a 6,4% do PIB em 2010. Só a construção dos estádios saiu dez vezes mais do que havia sido projetado em 2003. Ontem, o presidente da Federação de Futebol da África do Sul confirmou que os estádios serão usados pelos times de rúgbi, algumas vezes, com jogos de futebol na sequência. Fonte: Estadão

Quando a Máscara Cai

Perdidos de sua identidade, jogadores se alienam em personalidades forjadas e em um sentimento de ilimitação

É dessas fotos que ficam no imaginário coletivo: Pelé aos 17 anos, campeão do mundo, chorando no ombro do grande Gilmar, que o ampara, o consola, o anima, o conforta. Passados não mais de 52 anos, a reprodução dessa cena é quase impensável. Se o garoto Neymar tivesse sido campeão do mundo nos seus atuais 18 anos, como muitos queriam, em que ombro choraria de emoção, se é que choraria? No de Dunga, velho e bravo campeão; no de Kaká, veterano de outras copas e acostumado aos aplausos? Não, não parece a ninguém factível a repetição daquela cena protagonizada por Pelé e Gilmar nos campos da Suécia. Meninos de hoje não choram mais nos ombros de seus ancestrais, meninos de hoje não têm ancestrais. A sociedade pós-moderna pulveriza as verticalidades e não provê acolhimento das angústias nas hierarquias verticais, nos mais velhos, nos mais experientes, nos que já passaram por isso. O resultado está aí. A série que deveria ser "descoberta, sucesso, fama, dinheiro, conforto e satisfação" tem sido "descoberta, sucesso, fama, dinheiro, mulheres, drogas, violência, desastres, prisão ou ostracismo".


Patriarcado da violência
Podemos pensar em uma explicação paradigmática, além das particularidades de cada caso, o que o mais das vezes só anda tampando o sol com a peneira: foi o pai violento, a mãe alcoólatra, as más companhias, a péssima educação, o irmão psicopata, etc. Ocorre que a saída da pobreza e do anonimato para a riqueza e a fama, subitamente, gera uma forte crise de identidade. Ter sucesso é cair fora; na palavra "sucesso" existe a raiz "ceder, cair". Quem tem sucesso cai fora do seu grupo habitual de pertinência. Tom Jobim não tinha razão quando dizia que o brasileiro não desculpava o sucesso, pois nenhum povo desculpa, só variam as maneiras de demonstrá-lo. A máxima de Ortega y Gasset ainda é válida: "Eu sou eu e a minha circunstância". E quando a minha circunstância muda abruptamente, fica a pergunta profundamente angustiante: "Quem sou eu?", que fundamenta a crise de identidade.

Aí, com frequência, a pessoa se aliena em uma identidade forjada, aquela que fica bem na fotografia, a máscara; surge assim o mascarado. Quantos e quantos jogadores de futebol não se transformaram em mascarados diante dos nossos olhos? E a coisa não para por aí. A máscara não é suficiente para dominar a angústia causada pelo sucesso, vindo, em seguida, um sentimento terrível de ilimitação, de poder tudo. Quer alguma coisa, compra; quer um amor, toma; quer ter razão, impõe. Esse sentimento de quebra de fronteiras pede um basta que não raramente aparece da pior forma: no insulto, no acidente, na morte. Alguns têm a sorte de passar por um desastre controlável e depois conseguem se recuperar, carregando beneficamente a cicatriz de sua desventura, mas muitos e muitos vão e não voltam.

Não pensemos que a solução está no treinamento de ombros amigos, como os do passado, dado em lições risíveis de moral e cívica extraídas dos panfletos de neorreligiões televisivas, ou de jornalistas histriônicos que se querem baluartes da dignidade social. O que entendemos necessário é um trabalho com todos os grupamentos que convivem com esse fenômeno de mudança de status repentina, dos quais as equipes de futebol são um exemplo maior, um trabalho que saiba tratar do problema da perda de identidade como foi aqui referida.

No mundo de hoje, um mundo horizontal sem baluartes fixos, sem Gilmares para as pessoas se apoiarem, é necessário que possamos oferecer novos tratamentos às crises de identidade que se multiplicam. Se o tratamento não reside mais em se mirar no exemplo do ídolo da geração anterior, o que temos a fazer é implicar cada um em seu ponto de vergonha essencial, aquele que a fama não recobre e que o dinheiro não compra, um ponto de vergonha que todo ser humano carrega em si por ter nascido e não saber muito bem o que faz por aqui, por se sentir um acontecimento sem explicação. Pois bem, não deixemos ninguém se acomodar no empobrecedor e perigoso "eu sou o máximo". Fiquemos com a lição do próprio futebol, de que cada partida é uma nova partida, sem piloto automático, sem já ganhou, sem triunfalismo. Fica a recomendação para os técnicos do futuro: mais invenção com responsabilidade e menos repetição com disciplina.

JORGE FORBES

sexta-feira, 9 de julho de 2010

HUMOR MAÇÔNICO

O Caixeiro Viajante

Um rapaz simpático, educado, de bons hábitos e bem sucedido na vida exercendo a profissão de caixeiro viajante, resolveu comemorar o seu noivado num restaurante discreto e aconchegante em uma cidade com as mesmas qualidades. Como já havia viajado muito não foi difícil encontrar a cidade ideal.
O rapaz partiu com sua noiva e a sua mãe em direção a cidade escolhida. Após algumas horas de viagem chegaram a cidade Pedra Bruta.
Hospedaram-se e em seguida o rapaz saiu a procura do restaurante ideal. Era cedo, manhã bonita e calma, andou pelas ruas pacatas e encontrou um restaurante à beira de um riacho Restaurante 3 Irmãos. O nome do estabelecimento lhe agradou, deu, na porta do mesmo, três pancadas. Em seguida uma voz respondeu-lhe as batidas:
- Quem vem lá?
- Sou um cliente que deseja tratar um jantar comemorativo. Respondeu o rapaz.
- Pois então entre.
O viajante entrou e um homem simpático e educado o esperava no salão.
–Bom dia ! Cumprimentou o recém chegado e perguntou sois garçom?
–Meus clientes como tal me reconhecem. De onde viestes?
–De uma cidade chamada São João.
–O que fazes na vida?
–Sou caixeiro viajante. Viajo a negócios e visito Lojas.
–Vens muito por aqui?
–Não muito, esta é a minha 3ª viagem.
–O que quereis?
–Um jantar para 3 pessoas em lugar reservado.
–Que tal entre aquelas colunas? É um lugar bem privativo.
–Parece-me bom. Ficaremos entre elas.
–O que beberão na ocasião?
–Para minha mãe e noiva uma taça de bebida doce. Eu prefiro algo amargo como aperitivo.
–Pode ser Whisky?
–Nacional?
–Não, escocês.
–Bem se for antigo eu aceito. Tudo bem, mas gostaria que as mesas fossem bem ornamentadas.
–Podemos ornamentá-las com romãs, ficam bonitas e exóticas.
–E quanto as flores?
–Fique tranqüilo, fazemos arranjos com rosas e espigas de trigo.
–Pois então faça, não poupe nada, quero fartura em abundância. Você estará aqui?
–Sim, trabalho do meio dia a meia noite.
–Bem pela conversa o atendimento é bom. E o preço?
–O preço é justo e o atendimento é perfeito, mas qual é o seu nome?
–Salomão e o seu?
–Iran, sou conhecido como Iran dos bifes”, sou bom em cortar bifes. Meus irmãos também atendem. Um chama-se Emanuel e o outro José. Mas é conhecido por “Zé”
–Você é desta cidade ?
–Não, também fui caixeiro viajante. Gostei tanto desta cidade que na minha 5ª viagem resolvi ficar por aqui. E já se fazem 5 anos, acabei comprando este restaurante. Olha meu Irmão, no começo foi difícil. Este estabelecimento era mau visto, pois pertencia a três trapalhões chamados: Gilberto, Juberto e Juberton. Fizeram tantas trapalhadas que acabaram assassinados.
–Olha Iran, coloque a mesa da minha mãe separada para haver mais privacidade.
–E o seu pai não vem?
–Não minha mãe é viúva.
–Coincidência! Eu também sou filho de uma viúva.
–Eu há muito já percebi.
–Como se chama tua mãe? Temos cortesia para ela.
–Minha mãe chama-se Acácia.
–Este nome me é conhecido, tivemos uma ótima cozinheira com este nome.
–Bem eu já vou indo. Logo mais retornarei com elas. Ah! Já ia me esquecendo. Qual é a especialidade da casa?
–Churrasco.
–Ótimo! É macio?
–Sim, tão macio que a carne se desprende dos ossos.
–Ah, Senhor meu Deus! Que maravilha, não posso perder! O Lugar é seguro?
–Sim, temos dois rapazes expertos que cuidam disso. E no salão temos 2 vigilantes.
–Parabéns, o seu restaurante está coberto de qualidades, salve o adorável mestre. Até logo.

Revolução Constitucionalista de 32

Paulistas comemoram o feriado de 9 de julho desde 1997

Desde 1997 é lei: todo dia 9 do mês de julho é feriado civil no Estado de São Paulo. O motivo? A celebração da data magna do Estado, em memória ao dia em que o povo paulista pegou em armas para lutar pelo regime democrático no País, deflagrando a Revolução Constitucionalista de 1932.
O caminho para criação do feriado surgiu com uma lei federal que dispõe sobre feriados estaduais. A Lei Federal n.º 9.093, de 12 de setembro de 1995, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, definiu que a data magna de cada Estado da nação fosse transformada em feriado civil. Assim, cada unidade da federação teve liberdade para escolher qual o dia do ano deveria ser guardado. No caso de São Paulo, o dia escolhido foi 9 de julho.
A data foi oficializada pelo Projeto de Lei n.º 710/1995, do deputado estadual Guilherme Gianetti. Aprovado pela Assembléia Legislativa, o PL deu origem à Lei Estadual n.º 9.497, de 5 de março de 1997, sancionada pelo governador Mário Covas. Por se tratar de lei estadual, o feriado não requer manutenção através de legislação específica, como a assinatura de um decreto renovando-o ano após ano.

Por que 9 de Julho?

A Revolução Constitucionalista de 1932 foi um movimento armado ocorrido entre julho e outubro de 1932 e tinha por objetivo a derrubada do governo do presidente Getúlio Vargas. Ele havia assumido o poder em 1930.
Com um governo provisório, mas de amplos poderes, Vargas fechou o Congresso Nacional, aboliu a Constituição e depôs todos os governadores. Insatisfeita, a população iniciou protestos e manifestações, como a do dia 23 de maio, que terminou num conflito armado. A revolução então acabou eclodindo no dia 9 de julho, sob o comando dos generais Bertolo Klinger e Isidoro Dias.
O levante se estendeu até o dia 2 de outubro de 1932, quando os revolucionários perderam para as tropas do governo. Mais de 35 mil paulistas lutaram contra 100 mil soldados de Getúlio Vargas. Cerca de 890 pessoas morreram nos combates. Getúlio Vargas permaneceu no poder até 1945, mas já em 1934 era promulgada uma nova Constituição dando início a um processo de democratização. Sinal de que o sangue paulista não foi derramado em vão.

Fatos Históricos do Dia 8 de Julho

Independência dos EUA

Pela primeira vez, a declaração de Independência dos Estados Unidos é lida em Nova York na presença de George Washington (foto), em 8 de julho de 1770. Ela foi redigida por uma comissão de cinco membros liderados por Thomas Jefferson, baseados no iluminismo. A declaração só é promulgada em 1776.

4 de Julho - Independência dos Estados Unidos

4 de julho é um ato de respeito
Por Paulo Tedesco

-->4 de Julho nos Estado Unidos é coisa séria.

O vermelho, azul e branco tomam conta das ruas e calçadas. Bandeiras para todos os lados, estrelas e símbolos da Independência espalhados por vários lugares, uma festa própria da cultura gestada nesta porção de terra chamada Estados Unidos da América. Verdade é que muitos brasileiros ficam decepcionados com a dita "festa", afinal sempre esperamos festa popular parecida com o que vemos no Brasil, barulho, alegria e euforia, todo mundo estravazando sem preconceito. Mas as coisas são um tanto "mortinhas", claro que há fogos de artifícios, celebrações, mas muito longe do ritmo verde-amarelo lá do sul do hemisfério.

Talvez isso signifique seriedade e respeito pelas coisas da pátria, ou simplesmente a maneira norte-americana de celebrar suas datas. Mas apesar desta postura, a lição do 4 de Julho é universal, serve para brasileiros, mexicanos, argentinos, europeus, africanos e todos outros povos que sabem o valor da independência. Poderíamos, aqui neste espaço, levantar dados históricos, traçando assim um paralelo, uma comparação entre a história americana e as demais do continente, citar datas além da de 4 de Julho de 1776, buscar momentos em que pudéssemos descobrir porque este lado das Américas deu certo. Porquê Estados Unidos e Canadá alcançaram a posição de riqueza, enquanto as demais nações, com passados semelhantes, permaneceram no atraso e subdesenvolvimento.

Mas quem acompanha os jornais e a vida cotidiana, bem sabe as demonstrações de maturidade e independência nas atitudes deste povo e seu governo. O caso do menino Eián, que envolveu do presidente do país e sua secretária de justiça (equivalente ao ministro brasileiro) até altas esferas da diplomacia local, resultou numa demonstração de respeito as instituições e as autoridades. A lei e a lógica sempre estiveram na direção da decisão tomada, e assim foi feito, Elián voltou a Cuba e a outra parte mesmo protestando acatou a decisão das autoridades. Outra grande demonstração de força e independência, algo não muito comentado na imprensa em português, foi a prisão e condenação da "prefeita" de Hallandale. Em pouco mais de 6 meses, averiguou-se, julgou-se e condenou-se uma mulher eleita para o cargo que ocupava. Sob as acusações de mandante do assassinato do esposo, perjúrio e falso testemunho, foi sentenciada, e aguardará na cadeia uma última acusação de fraude aos seguros. Bem parecido com os fatos no Brasil, não é?

Quanto ao Brasil, infelizmente a palavra independência soa estranho para muitos. Nossas mazelas a muito se sabe são frutos de um país em crise permanente. De um lugar em que mesmo tendo presidente eleito pelo voto do povo, este não se importara em rasgar uma constituição que mal dava seus primeiros passos. Se os americanos preservam a sua original de 1776 com adendos, na nação brasilis, após muitas constituições, ainda permanece o sinistro hábito de fazer-lhes alterações ao ponto de trasnfigurá-las. Isto quando não a deformam totalmente, pois afinal, alguns interesses mudaram de acordo com os ventos. Mas isto é somente a ponta do iceberg.

Este desrespeito as coisas sagradas de um país democrático, ou até de uma ditadura, tem raízes em algo que nos Estados Unidos foi resolvido a bala. Enquanto no Brasil mandava-se esquartejar quem lutava pela independência e, entre outras atrocidades, perseguia-se e deportáva-se qualquer suspeito. Os norte-americanos tiveram agilidade e maioridade histórica, para organizarem-se e rápido pegar em armas, para primeiro expulsarem o Inglês colonizador e, anos depois, lutar em sangrentas batalhas contra os donos do atrazo (latifundiários e escravistas) que insistiam na maneira antiga de se fazer um país. Lutaram contra uma elite que ainda existe, que ainda ergue sua bandeira na Carolina do Sul, mas a derrotaram num momento crucial de sua história, tão importante que hoje são herdeiros da nação mais forte do mundo.

Na nossa nação continente, embora também tenham havido lutas como na Revolta dos Alfaiates na Bahia, na Inconfidência Mineira e Revolução Farroupilha, estas não foram fortes o suficiente para lograr a vitória diante do português colonizador nem das elites do atrazo. Suas forças lograram vitórias que ainda hoje se ouvem Brasil adentro, mas não conseguiram expulsar esta elite muito bem encastelada no poder. Um tipo de gente que nunca se importou de usar os métodos mais rasteiros de recuperar ou manter o poder em suas mãos. Suas pegadas sujas seguido se vêem nos corredores da justiça, prefeituras, governos de Estado e governo Federal. Sempre se valem da corrupção e banditismo, comprando quem lhes convier e tentando eliminar quem lhes ameace. Não que os Estados Unidos também não tenham sua roupa suja, têm e muita, mas ninguêm sabe na recente vida americana, de um presidente que despudoradamente comprou os votos de deputados para aprovar mudanças na constuição do país. Que doou cargos e pagou em dinheiro vivo senadores e os mesmos deputados para proteger interesses externos e internos!

4 de Julho serve para isso. Para que reflitamos e aprendamos como se fazem as coisas por aqui. Como se forjam a justiça e o respeito ao cidadão. Talvez seja esse o motivo desta comemoração um tanto tímida aos olhos brazucas, a comemoração da Independência dos Estados Unidos da América, ainda traz viva conflitos e discordâncias de um povo e sua elite. Mas que apesar das diferenças e da história que ainda pulsa, os valores de respeito às suas instituições e os limites de cada um são alvos de muito debate e que poucos tem a ousadia de questionar. Muito ao contrário da realidade na maioria dos países da América do Sul, em especial da nossa pátria verde-amarela.

Apesar das frustações e sentimentos de derrota e solidão, as vitórias, quando ocorrem, são como pincéis de tinta em ação, pintam o passado de lutas na cor orgulho e dignidade.

2 de Julho: Data Nacional

Monumento 2 de Julho - Praça Campo Grande
Paulo Costa Lima
De Salvador (BA)

O Brasil pouco sabe sobre o '2 de Julho' e bem que deveria saber. O que aconteceu na Bahia no dia 2 de Julho de 1823 foi decisivo para todos os brasileiros.
Foi quando o Exército Libertador, tendo à frente o Batalhão do Imperador entrou finalmente na cidade que havia sido sitiada durante meses, sendo recebido com flores e homenagens pela população. Os portugueses, cerca de 4500 homens, haviam abandonado a cidade poucas horas antes, por mar.
Durante muitas décadas firmou-se o entendimento errôneo de que a data representava a 'Independência da Bahia'. Ledo engano. O correto é celebrar a Independência do Brasil na Bahia. Existe neste momento uma proposta em andamento no Congresso Nacional (de autoria da Deputada Alice Portugal, PCdoB-Ba) para a aprovação do '2 de Julho' como data nacional. Nada mais justo!
Basta lembrar que o exército dessa guerra, cerca de 10.000 homens, era composto por soldados vindos de muitas províncias - do Ceará e de Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe, mas também fluminenses, mineiros e paulistas, além dos baianos, é claro, muitos deles filhos da África.
Na verdade, trata-se do nascimento do Exército brasileiro - um fato também pouco celebrado - e do batismo de fogo do seu patrono, o futuro Duque de Caxias.
A cena do 7 de setembro só adquire sua plenitude de sentido com a bravura popular que foi demonstrada na Bahia. Um exército inicialmente comandado por um francês, Labatut, mas que chega ao final do conflito sob as ordens de um brasileiro, Lima e Silva.
O '2 de Julho' é um novelo de narrativas. No plano de fundo, a "narrativa histórica", ou seja, os eventos memoráveis da entrada do Exército Libertador em Salvador no dia 2 de Julho de 1823, que por sua vez se inserem no processo mais amplo da guerra propriamente dita e de seus antecedentes.
Em torno desse núcleo vão se enovelando 185 anos de festividades de rememoração e de interação criativa com esses eventos originais e seus símbolos. E aí entra em cena uma outra dimensão da festa, a rica apropriação que dela fez o povo da Bahia, construindo uma espécie de civismo caboclo.
Fôssemos mais próximos de Hollywood e já teríamos inúmeros filmes projetando mundialmente a temática. Onde encontrar episódios mais marcantes? Uma mártir religiosa (Joana Angélica), batalhões voluntários, escravos lutando por liberdade, uma sertaneja que vira soldado, batalhas navais e campais...
Essa sertaneja que vira soldado - a ilustre Maria Quitéria de Jesus - está a pedir urgente uma mini-série nacional. Uma mulher, entre 25 e 30 anos que viaja cerca de oitenta quilômetros para se alistar, vestida com as roupas do cunhado, de quem se apropria do nome, passando a ser chamada de soldado Medeiros. Aparentemente casa durante o conflito e o marido morre.
Recebe menção explícita de bravura do General Lima e Silva e após a guerra vai ao Rio de Janeiro para ser condecorada por D. Pedro I. Lá no Rio chama a atenção da historiadora Maria Graham, amiga de Leopoldina, que a descreve como uma mulher feminina, sem nada "que desabone sua moral". Sabemos também através desta autora que Maria Quitéria se alimentava de forma comedida, ovos e peixe, e que também enrolava um cigarro de palha após as refeições. Vai ser um sucesso a mini-série!
A mistura de festa popular e comemoração cívica que preenche as ruas de Salvador por ocasião do '2 de Julho' assumiu ao longo dos anos a complexidade de um poli-festival: cívico, político, cultural, religioso e festeiro (há uma longa tradição de batuques, bailes e bandos anunciadores).
Na verdade, o cortejo que sai pelas ruas de Salvador é apenas um dos eventos - a rede festiva se espalha por diversos municípios convocando identidades múltiplas, do vaqueiro ao índio, e antigamente também acontecia em vários bairros e datas distintas, havendo dessa forma '2 de Julho' em agosto, setembro... (uma comunidade de Salvador ainda mantém essa tradição).
Como entidade do panteão afro-brasileiro, o Caboclo recebe atenção especial nesse dia - visitação, bilhetes colocados nos carrinhos polarizam o cortejo, festas de santo - mostrando como os dois universos se interconectaram. Do lado católico há também interação significativa. Basta cantar o Hino ao Senhor do Bonfim: "Glória a Ti neste dia de glória, Gloria a ti redentor que há cem anos. Nossos pais conduziste à vitória, pelos mares e campos baianos...", estamos em pleno '2 de Julho'; o hino é de 1923.
Como festival político tem uma força incrível. Em época de repressão sempre precisou ser controlado com mão de ferro - tentando neutralizar a formação de novas lideranças carismáticas. Nos dias de hoje, de democracia recente, qual a legenda que arriscaria ficar de fora?
Mas vejam que não é coisa nova. Os abolicionistas costumavam anunciar alforrias justamente nesta data. Em 1973, sesquicentenário da festa, quem foi o convidado de honra? O presidente-ditador Garrastazu Médici.
Ou seja, a sacralidade da ocasião, a sacralidade do Caboclo, digamos assim, sempre foi disputada palmo a palmo. Mas de onde vem? Ora, vem do valor que a população atribui à própria festa, seu peso histórico - nosso atestado de nascimento como sociedade política - e graças ao apelo dos seus símbolos, uma resultante da interação centenária com as representações construídas socialmente.
Como diz o pesquisador João Reis, "o Caboclo pode ser visto como uma representação baiana da utopia popular, totem da justiça e da abundância. Afinal, ele representa ou não a vitória sobre a tirania e o estabelecimento do império da liberdade?" Mas também assume a feição de uma entidade com a qual se negocia a difícil sobrevivência cotidiana - Cf. prefácio de Algazarra nas Ruas de Wlamira Albuquerque, ambos, livro e prefácio, imprescindíveis.
A potencialização da festa precisa rimar com essa vocação libertária do civismo caboclo. Deve, portanto, evitar o caminho da homogeneização (já temos o exemplo do Carnaval). Deve levar em conta o grande potencial de atrativo histórico e cultural e pensar em termos de um verdadeiro ciclo. Mais importante ainda: deve se apoiar em programas educacionais de peso - embora muito pouco exista nessa direção.