É a sessão ritualística em que os maçons se confraternizam em torno de uma mesa de refeições.
É também chamada, embora impropriamente, de banquete ritualístico.
De maneira geral, a Loja de Mesa deve ser instalada nos edifícios maçônicos, em salas apropriadas. Podem, todavia, ter lugar em qualquer outro edifício, contanto que tudo seja disposto de maneira que, de fora, nada se possa ver e ouvir; isso significa que a Loja de Mesa deve ser coberta a olhos profanos, já que se trata de uma sessão ritualística.
A Loja de Mesa, antigo costume maçônico, deve ser instalada pelo menos uma vez por ano, de preferência no solstício de inverno (no hemisfério Sul), ou de verão (no hemisfério Norte). Os solstícios ocorrem quando o Sol atinge sua posição mais afastada do equador terrestre : para o hemisfério sul, o solstício de verão ocorre quando o Sol atinge sua posição mais austral (meridional, sul), enquanto o solstício de inverno ocorre quando o Sol atinge sua posição mais boreal (setentrional, norte). Este último ocorre a 21 de junho, que é, então, a época mais propícia para a Loja de Mesa, embora muitas Oficinas a realizem no dia 24 de junho, aproveitando o solstício e homenageando o padroeiro de muitos ritos maçônicos, São João, o Batista. Também pode, ela, ser realizada no solstício de inverno no hemisfério norte, 21 de dezembro, ou a 27 de dezembro, em homenagem a São João, o Evangelista. Nos primórdios da Franco-Maçonaria, ainda na de ofício, ou operativa, eram comuns, nos solstícios, esses repastos fraternais; posteriormente, por influência da Igreja e dada a proximidade dos solstícios com as datas dedicadas aos dois São João, eles passaram a ser realizados nestas.
Tudo o que é usado em Loja de Mesa tem um nome simbólico, ligado à arte de construir, aos materiais de construção e aos instrumentos necessários ao trabalho de edificação:
Areia amarela: a pimenta do reino
Areia branca: o sal
Armas, ou Canhões: os copos
Bandejas: as travessas
Bandeja grande: a mesa do banquete
Bandeiras: os guardanapos
Bandeira grande: a toalha de mesa
Barricas: as garrafas
Demolir os materiais: comer
Espadas, ou Alfanjes: as facas
Fazer fogo: beber
Materiais: as iguarias servidas na Loja de Mesa
Picaretas: os garfos
Pólvora amarela: a cerveja
Pólvora forte: o vinho, ou o licor
Pólvora fraca: a água
Pólvora preta: o café
Telhas: os pratos
A mesa do banquete é disposta em forma de ferradura, com as extremidades correspondentes ao Ocidente e a cabeceira (mesa de honra), ao Oriente.
O Venerável Mestre ocupa o centro da parte da mesa que constitui o Oriente, tendo, à sua esquerda, os Mestres Instalados e, se for o caso, o Venerável de Honra, e, à sua direita, as Dignidades do Simbolismo, presentes à sessão.
Os demais Oficiais e Dignidades, colocam-se como em Loja:
O Orador e o Secretário colocam-se nas extremidades da mesa de honra, frente a frente; ao lado deles, colocam-se o Chanceler e o Tesoureiro, tendo, junto a si, o Hospitaleiro; o 2º Vigilante senta-se na metade do lado Sul, ou na extremidade ocidental, ou sudoeste, da mesa (da ferradura); na metade da mesa do lado Norte, coloca-se o Experto; o 1º Vigilante ocupa a extremidade noroeste da mesa, variando a posição, conforme o rito (inversão dos lugares dos Vigilantes, Orador, Secretário, etc.); o Mestre de Cerimônias fica próximo à extremidade, ao Norte, junto ao 1º Vigilante e à disposição deste; finalmente, o Cobridor fica na extremidade sudoeste, de frente para o Oriente (se ali estiver o 2º Vigilante, ficará ao lado dele).
Os demais obreiros colocam-se à vontade, em torno da mesa, sempre na parte externa da ferradura, com Aprendizes e Companheiros ocupando o mesmo local que lhes compete nos templos. Se o espaço na parte externa não for suficiente, admite-se a ocupação de alguns lugares na parte interna.
Na parte interna da mesa, sobre um pedestal colocado junto à mesa de honra, à frente do Venerável Mestre, estarão as Três Grandes Luzes Emblemáticas da Maçonaria (o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso), dispostas no grau de Aprendiz Maçom. Isso é fundamental, pois não pode haver sessão ritualística sem a presença das Três Grandes Luzes Emblemáticas.
Sobre a mesa de honra, diante do Venerável, estará um candelabro de sete braços (o menorá hebraico), um pedaço de pão e um copo de vinho tinto; à frente do 1º Vigilante, estará um candelabro de cinco braços e, à frente do 2º Vigilante, um candelabro de três braços.
A presença do pão e do vinho é uma lembrança do ritual hebraico de kidush, incrementado pelos essênios.
O kidush, reunindo membros de uma confraria (em hebraico : shaburá) era uma ceia, realizada na véspera de dias santificados, ou na véspera do shabat (sábado), para realçar a santificação do dia e durante a qual o principal dos convivas lançava as bençãos sobre o pão e o vinho, distribuindo-os aos demais.
Quando o kidush precedia a Pessach (Páscoa), o kidush era antecipado para a quinta-feira, porque a sexta-feira era o dia destinado a organizar e prepara o seder (jantar de Pessach). A chamada última ceia de Jesus, com seus companheiros (shaberim, membros de um shaburá), foi um kidush, realizado antes de Pessach.
Todos os participantes da Loja de Mesa estarão paramentados e as Dignidades e Oficiais usarão as jóias de seus cargos. Alguma Obediências costumam recomendar que não sejam usados os aventais, pois eles seriam reservados para os trabalhos da Loja no templo, isto, todavia, não é correto, pois, em qualquer sessão ritualística, o maçom deve portar o seu avental.
Também recomendam, muitas Obediências, principalmente européias, que, além do banquete ritualístico, realizado por ocasião do solstício de inverno, seja realizado um outro, em forma "profana", por ocasião do solstício de verão. Nessa oportunidade, é recomendada uma excursão ao campo, para o reencontro com o Sol e a Natureza, em sua plenitude, seguida de banquete, com a presença de familiares e amigos dos maçons da Loja.
Por: José Castellani , do livro Dicionário de Termos Maçônicos. Contribuição do Irmão B. Andrade G, Loja "União e Prosperidade", GOB-SC.
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