A data faz alusão ao dia em que se celebra o ano de morte do ícone mineiro, popularmente conhecido como herói da Independência do Brasil.
Com uma imagem alusiva ao rosto de Cristo, a memória de Tiradentes é resgatada todos os anos no dia 21 de abril, aniversário de sua morte, como herói da Independência do Brasil. Entretanto, ainda hoje, a história nacional busca compreender as verdadeiras razões de sua morte, encoberta durante o período imperial, e a validade de seu caráter heróico.
Segundo a professora do Departamento de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Telma Bonifácio, toda a construção da memória de um país prescinde de heróis. Em especial, o movimento republicano resgata a necessidade de figuras nas quais o povo possa se reconhecer, pessoas de camadas sociais mais baixas, portanto, mais próximas da realidade da população.
Joaquim José da Silva Xavier, nome verdadeiro de Tiradentes, era cidadão com nível socioeconômico baixo. Era um alferes, posto que corresponde hoje à categoria de um policial militar, portanto, também estava sujeito às derramas, medidas administrativas nas quais o governo colonial extorquia dos colonos impostos sobre a comercialização do ouro. Tiradentes era então o mais humilde dentre os inconfidentes, o que provavelmente seria um dos motivos pelos quais foi o único a morrer.
"Embora a Inconfidência Mineira tenha objetivado apenas a independência de Minas Gerais, a figura de Tiradentes acabou incorporada ao idealismo de liberdade nacional, exatamente pelas características comuns a todos os brasileiros", pontua a profª. Telma Bonifácio. Dentre elas, a historiadora aponta submissão a governos muitas vezes autoritários, dificuldades para conseguir melhores condições de trabalho e educação, etc.
Para a profª. Telma, o mais importante não é a exaltação de um ou outro personagem histórico, mas sim uma reflexão que contemple toda a população brasileira, em especial os que são submetidos à opressão e à exploração. Desta forma, tais datas serviriam muito mais para a manutenção e a busca dos direitos de todos, afinal, termina ela, “todos somos heróis”.
Perfil da Historiadora
Graduada em História pela Universidade Federal do Maranhão, especialista em Teoria e Produção do Conhecimento Histórico, e em História da África, e doutora em Ciências da Educação pelo Instituto Federal do Maranhão. Possui também experiência em docência para o Ensino Básico. Ocupante da Cadeira nº 6 do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, cujo patrono é Pe. Antonio Vieira e seu último ocupante foi Josué Montelo.
Atualmente, participa do Departamento de História da UFMA, executando pesquisas sobre a herança da cultura africana no Brasil, e estudos na área de capacitação de professores investigadores. Seu livro “Uma proposta para formação de professores através da prática reflexiva” e inúmeras outras publicações estão disponíveis no endereço www.telboni.com, hospedado no portal Recanto das Letras.
Lugar: ASCOM UFMA
Fonte: Madson Fernandes/PROEN
Notícia alterada em: 20/04/2010 16h05
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