domingo, 20 de setembro de 2009

Manifestação de um Maçom na Imprensa Brasileira.

Donald Malschitzky é um Maçom. Embora retirado da ordem, continua a sê-lo. Por razões que desconheço, publicou um muito apropriado artigo no Jornal Tribuna Catarinense, no qual expõe algumas das feridas que afligem à Ordem e esclarece, como luz que vem do Oriente, questões delicadas. Tudo de uma forma simples, objetiva, verdadeira e conclusiva.

Maçonaria
Por Donald MalschitzkyTribuna Catarinense

Durante anos, em conversas, tenho defendido e elogiado a Maçonaria, sem qualquer interesse maior do que esclarecer, pois, para atacar, sem eira nem beira, sem qualquer conhecimento maior do que as pseudo-informações tendenciosas, sempre há muita gente. Pode-se pensar que a imprensa não é o lugar mais discreto para defender a Ordem, mas certamente é o mais eficaz, afinal, os ataques são públicos e mais do que notórios; a defesa também precisa sê-lo.
Uma definição bem objetiva do que a Ordem Maçônica é, para que qualquer leigo entenda: uma escola filosófica que congrega homens de bons princípios, destinada a empreender esforços para o bem da humanidade, desenvolvendo a tolerância racial, religiosa e social e cultuando o direito, a justiça e a verdade.
Para isso seus membros se dedicam ao estudo, à troca de idéias, à convivência e fraternidade e a praticar a caridade, seja individual, seja coletivamente. Se é isso, por que se vê tão pouco o que a Maçonaria, como instituição, faz de caridade? "Que tua mão esquerda não saiba o que a direita faz" (em termos de caridade) explica isso.
É uma religião? Não, não é, mas congrega pessoas crentes em Deus (condição para ser aceito) das mais diversas religiões. Conheço maçons católicos (inclusive alguns ex-padres), luteranos (inclusive um pastor), batistas, presbiterianos, judeus, muçulmanos, budistas, espíritas etc., e isso só engrandece a instituição e as pessoas.
E o que tem com o Diabo? Nada, absolutamente nada, ao contrário de muitas organizações que se dizem salvadoras da alma que grassam por aí. Essas, sim, prestam grande favor ao Diabo. Embora seja uma organização de pessoas que crêem em Deus, nenhum fanatismo é permitido. É uma vivência ecumênica real, com todo respeito que é necessário para que isso aconteça. Na grande maioria dos templos (locais de reunião) no mundo, há uma Bíblia em local de destaque, simbolizando a presença de Deus. Participei de uma loja em Brasília, fundada por muçulmanos, que durante anos mantinha uma Bíblia e um Alcorão.
E os segredos e rituais? Nada de especial, nada que outras organizações não tenham, com suas roupagens próprias. Como é uma instituição relativamente antiga e tradicional, os rituais também o são, sendo destinados a promover a reflexão.
E por que tanto ataque à Maçonaria? Maldade de corações, obscurantismo religioso (quem combate o obscurantismo é sempre perseguido), mentiras ignóbeis talvez expliquem algo. Escritores mal intencionados, vendidos, sem escrúpulos e mentirosos, explicam o restante.
Fui membro da Ordem durante mais de 20 anos e estou afastado por uns quatro (viu como não matam quem sai?), mas meu coração e, principalmente, minha gratidão permanecem inalterados. Nos piores momentos de minha vida tive, nos irmãos maçons, talvez as maiores provas de solidariedade que já vi. E nos melhores, também.

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