quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O MAL QUE NOS DESTRÓI

Não somos mais irmãos, quando muito amigos de alguns, inimigos de poucos e indiferentes à grande maioria. As Lojas Simbólicas não produzem Mestres, quando muito pretensos iluminados, que ansiosamente aguardam sua vez para serem instalados e poderem, a partir daí, envergar um título que nem mesmo compreendem: Mestre Instalado. Instalado aonde, para que e por que? Se ao menos soubessem que lhes cabe criar Maçons!

Logo depois dá-se inicio à perseguição dos tão almejados graus superiores. Alcançados estes graus, o pretenso maçom recebe um pomposo título: Inspetor Geral. Inspetor do quê, para que e por quê? Se ao menos soubesse que apenas se transformou numa semente que deve ainda germinar para fazer frutificar o fruto maçônico e que para isso tem de se submeter à difícil tarefa de continuar servindo os ideais da Ordem destilando e purificando a todos que encontrar pelo caminho!

Pois é, não sabemos mais criar Maçons; não sabemos mais exaltar Mestres Maçons; não sabemos mais levar Mestres à sublimação dos graus filosóficos.

O resultado? O resultado é revelado pelos sintomas que assolam a Ordem Maçônica, como um todo e em todo mundo. Desinteresse, evasão, descaso, desilusão, impotência. Uma instituição outrora inspiradora de movimentos humanos libertários, reformistas e progressistas, assumiu e aceita impassível e omissa uma posição subalterna. Uma quase vítima de um sistema que ajudou a criar e que não tem mais forças de afrontar. Acovardou-se, ou acomodou-se? Seriam as questões oportunas para o momento. Infelizmente, nem uma nem outra. Não se acovardou, pois que não foge de nada; não se acomodou, pois que ainda encontra forças para promover atividades sociais, mesmo que inconseqüentes dada a pequena proporção que atingem. A energia ainda se apresenta em estado potencial no coração dos maçons que insistem desesperadamente em perseguir o ideal pelo qual se apresentaram às portas das Lojas.
Qual é então o problema? O problema tem nome, sobrenome e apelido. Chama-se Compromisso Maçônico, e seu apelido é ‘Zé Ninguém’ (que me perdoe Wilhelm Reich por ter plagiado o título de seu extraordinário livro ‘Escute, Zé Ninguém’).

Permitimos que a máquina social nos afogasse; iludimo-nos com as promessas vãs da mídia; inebriamo-nos com sonhos de consumo; quisemos trazer para a Ordem Maçônica valores que jamais nortearam nossos princípios filosóficos; perdemo-nos no emaranhado de interesses que desviaram nossa atenção do verdadeiro objetivo: O HOMEM LIVRE E DE BONS COSTUMES.
Abdicamos do nosso poder verdadeiro e intrínseco, a identidade de propósito de uma coletividade comprometida com valores éticos, morais e reformadores. Mencionamos acima o que denominamos o caminho da derrocada: não há identidade de propósitos, não há a tal coletividade comprometida e em conseqüência o poder desvaneceu-se.
Hoje não passamos de um ‘bando’ de Zé Ninguens, negociando cargos, exigindo o cumprimento de uma escala de promoções (a bola da vez), e articulando projetos insípidos com as forças (poucas) que nos restam. Somos ainda reconhecidos (pouco) por um passado de atuação decidida e objetiva que já vai muito longe. As realizações de um passado remoto ainda envernizam nossa Instituição, mas essa capa de verniz perde a cor, torna-se opaca, já se desprende deixando à mostra um grupo de homens de ‘boa intenção’ totalmente desarticulado e por isso desconexo.

Padecemos de falta de identidade e de identificação. Somos maçons sim, pois que ‘alguns irmãos como tal (ainda) nos reconhecem’, mas já não sabemos exatamente ‘para que!’. A julgar pelo que observamos nas Lojas e Potencias do Mundo, quisemos ficar a meio caminho entre o mundo profano e o mundo maçônico e não estamos nem num nem noutro. Portanto, perdidos... os ‘Zé Ninguém'!!!!

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