quarta-feira, 9 de junho de 2010

Venerável da Jamil Kauss


O POR QUÊ DE SUA REELEIÇÃO?

Por que os IIr.'. da Loja Jamil Kauss decidiu pela reelição do seu Ven.'. Mestre?

Simples. Porque o Ir.'. Antônio Paulo é sem dúvida, dentre todos os Veneráveis Mestres desta Loja, um dos que gostou muito mais do encargo do que do cago e pompas e desempenhou com abnegação e fidelidade todos os encargos de tão nobre cargo.

Despido de todas as vaidades, foi a ponte-de-união entre Lojas, Irmãos e Profanos, e nunca espinho-de-discórdia. Por esses atributos, entendeu a Loja ser interessante sua re-condução ao Trono de Salomão. Parabéns, Venerável Mestre!

NOVA ADMINISTRAÇÃO DA JAMIL KAUSS


Tal como é tradição, a Loja Maçônica Jamil Kauss N° 24 empossou ontem seu Venerável Mestre, Antônio Paulo Santos do Carmo, em sessão Magna de Posse, diga-se de passagem, concorridíssima para uma terça-feira, em que quase todos os presentes trabalham no outro dia.

O Venerável Mestre é um "velho" (em experiência) maçon, com muitos anos de permanência na Ordem e com provas dadas, pelo que dele só podemos esperar o melhor.

Reeleito no dia 04 de maio de 2010, tendo a votação decorrido (como nós maçons dizemos) pura e sem mácula, o que significa que houve unanimidade na votação.

Inicia-se assim um novo ciclo, que se repete há mais de 50 anos.

Compete-me como responsável pelo Website da Loja, felicitá-lo, desejar-lhe as maiores felicidades e transmitir-lhe a total disponibilidade do website para colaborar com ele; faço tudo isto, não por dever, mas com um prazer enorme.

Posse na Loja Jamil Kauss N° 24

Cumprido seu primeiro mandato,


a Loja decidiu pela reeleição de seu Venerável Mestre, Antônio Paulo Santos do Carmo, havendo, entretanto, alterado a composição para os demais cargos.


Assim, para o anuênio 2010/2011, a administração da Loja foi composta pelos IIr.'.
Antônio Paulo Santos do Carmo - Ven.'. Mestre;

Amauri Braga de Figueiredo - 1.º Vig.'.

Sílvio Ribeiro Frankilim Martins - 2.º Vig.'.

Mauro Alves de Resende - Orador;

Jsé Atílio de Oliveira Souto - Secretário;

Humberto Siqueira Cardeal - Tesoureiro;

Elson Luiz Gatto Paulo - Chanceler;

José Roberto Cavalcante da Silva - Mestre de Cerimônias; e,

Carlos Alexandre Carneiro da Rosa - Guarda do Templo.

A LENDA DO REI ARTHUR


A LENDA DO REI ARTHUR E DOS CAVALEIROS DA TÁVOLA REDONDA


A Bretanha antes de Arthur

A Bretanha Céltica

Os homens que primeiro colonizaram as ilhas britânicas vieram do continente europeu assim que o clima tornou-se temperado. Vieram a pé, já que o Canal da Mancha, a não ser por um córrego, não passava de chão seco e o Mar da Irlanda era apenas uma fração do é hoje.
Uma referência a este fato é encontrada na coleção de contos gauleses Mabinogion, apesar de escrito apenas depois do século X.
No conto Branwen, Daughter of Llyr ("Branwen, Filha de Llyr") tem a seguinte informação: "Nós navegamos para a Irlanda, e naqueles dias a profundidade da água não era grande", A quarta e última glaciação destruíram esses primeiros colonos e quem os havia acompanhado: renas, ursos e cavalos selvagens. Em 2000 a.C., os celtas se fixaram nas ilhas, trazendo com eles a sua cultura e a arte de se fazer armas de bronze. Faziam intenso comércio com o continente, conforme os vestígios deixados na planície de Salisbury, onde foi achado vinho e óleos italianos, ouro irlandês, âmbar do Báltico e contas de vidro azul do Egito. Na planície de Salisbury, ergueram, entre os anos de 1800 e 1400 a.C., Stonehenge, sem nenhuma ajuda mecânica. E uma estrutura composta de um círculo com 81 blocos de arenito, alguns pesando 30 toneladas, dentro deste círculo, um outro, de pedras azuis, provenientes dos Montes Prescelly, no País de Gales, dentro deste segundo círculo, pares de pedras formando uma ferradura, cada uma apoiando uma verga atravessada e dentro desta uma outra ferradura de pedras azuis, todas unidas por vergas. Acredita-se que servia como um Templo do Sol, marcava os solstícios de verão e de inverno, mas, seja para quais deuses Stonehenge tenha sido erigida, esta antiga e desconhecida religião foram completamente substituídas pela dos druidas, que mantinham forte autoridade na Gália e converteram os habitantes da Bretanha e construíram a cidadela de Anglesey. Alguns dos celtas construíram nas colinas grandes fortificações circulares enquanto outros que viviam em lugares pantanosos construíram vilas, tendo lagos como proteção.
Por volta de 50 a.C., um novo grupo invasor apareceu destruindo e pilhando, passando pelo vale Tâmisa a caminho de Somerset, os terríveis belgas, provenientes do norte da Gália e oeste da Germânia. Quatro anos mais tarde, Júlio César decide que a ilha se tornaria possessão romana.

A Bretanha Românica

A primeira expedição militar romana à Bretanha não foi bem sucedida. As tempestades de verão próximas à costa destruíram e rechaçaram muitos dos navios suprimentos e o transporte da cavalaria. Mas, no ano seguinte, conseguiram desembarcar uma tropa de invasão ainda maior que a do ano anterior. Os compromissos de César impediram-no de controlar por completo a Bretanha. Isto só foi conseguido em 43 d.C. pelo imperador Cláudio. Suas forças desembarcaram em Richborough, na costa de Kent, onde ergueram um monumento de mármore para comemorar a conquista. A Pax Romana não era apenas conseguida com a superioridade militar dos romanos, mas também com uma extrema crueldade. O povoado de Anglesley, dos druidas, era conhecido como um pólo disseminador de ódio, malevolência e inimizade, influenciando as tribos gaulesas dissidentes. Em 59 d.C., o governador Suetônio Paulino mandou esmagar primeiramente os druidas para depois perseguir os gauleses.
Massacrou os sacerdotes e derrubou os bosques sagrados, desencadeado uma nova série de eventos: Boadiceia, viúva de Prasutogo, rei dos icenianos, foi ultrajada pelos oficiais romanos que vieram reclamar a parte do imperador da herança do morto.
A rainha foi açoitada e suas filhas violentadas. Boadiceia, então, uniu-se com seu exército a uma outra tribo descontente e marcharam sobre a cidade de Colchester que foi arrasada e seus habitantes romanos mortos. Boadiceia derrotou ainda a Nona Legião e incendiou Londres antes de ser destruída por Suetônio.
Mas o perigo maior aos romanos vinha do norte, dos pictos e dos escotos.
No governo de Adriano, 117-138 d.C., foi construída uma muralha de pedra, de Solway a Tyne, com 76 km de extensão por 5 metros de altura para manterem afastados os bárbaros do norte.

Os romanos trouxeram consigo o seu panteão de divindades. Assim, coexistiram divindades célticas com romanas. Já a religião cristã foi introduzida na Bretanha provavelmente no século II d.C. Diz a tradição que José de Arimatéia desembarcou, em torno de 60 d.C., em Somerset com doze companheiros que ali construíram uma pequena igreja de argamassa, a vestus ecclesia, inquestionavelmente um dos primeiros santuários da Bretanha, posteriormente anexada a Glastonbury e destruída pelo fogo em 1186.
Para todos os efeitos, o cristianismo consolidou-se na Bretanha em torno de 200 d.C. Quem permitiu isso foi Constantino III, o Grande, eleito imperador pelo exército romano da Bretanha.
Constantino e seu exército marcharam sobre Roma e, como os romanos, utilizaram seus cavalos apenas como transporte de carga, mas, assim que seu exército transformou os cavalos de carga em cavalaria de combate, os cavalos montados lançaram-se como projéteis sobre as linhas inimigas. Isso tornou-se possível pela adoção do estribo dos persas pelos romanos. Antes do século V, introduziriam ainda outro equipamento persa, a catafracta, com a qual cavalo e cavaleiro se protegiam. Consistia de um traje de malha, de argolas metálicas entrelaçadas, que se manteve em uso até o século XIV, quando foi substituído pela couraça completa. Com as ameaças dos bárbaros às fronteiras do império, Roma tinha maior dificuldade em fornecer legiões para defendê-la e repelir as invasões dos saxões. Entretanto, em 368, os romanos enviaram uma força da Gália comandada por Teodósio, acompanhado por seu filho Teodósio e um amigo de seu filho, Magno Clemente Máximo.
Esta força expulsou os saxões e reconstituiu o governo local graças à cavalaria, apesar de serem numericamente inferiores aos invasores. Quando, mais tarde, os romanos foram derrotados pela cavalaria dos godos, em Adrianópolis, Roma convocou o jovem Teodósio e o fez primeiro oficial, comandante da cavalaria do Império e imperador do oriente. Máximo, amigo de Teodósio, permaneceu na Bretanha, expulsando os pictos e os escotos. Com a admiração dos seus soldados, selecionou a maior parte de sua tropa e marchou sobre Roma. Porém, dois anos mais tarde, seria morto por seu melhor amigo, Teodósio, em batalha. Apesar de deixar a Bretanha sem proteção e ter conseguido apenas um sucesso passageiro, Máximo fez jús aos contadores de histórias celtas por ter conquistado Roma. Com seu nome adulterado para Macsen, figura em uma das narrativas da coleção de história gaulesas, o Mabinogion, cujo registro é provavelmente posterior aos ali descritos. Interessante notar que as conquistas de Máximo devem ser responsáveis pelas conquistas extraordinariamente aumentadas de Arthur.
No texto de Malory, Arthur, para invadir Roma, convoca tropas de Alexandria, Índia, África, Egito, Damasco, Damieta, Capadócia, Tarso, Turquia, Panfília, Síria e Galácia.

Esta convocação lembra a linha de combate do imperador do oriente, Teodósio, registrada pela memória de um soldado pertencente à legião de Máximo.

A Bretanha Bretã

A efetiva dominação romana da bretanha desapareceu com Máximo.
É claro que a imponente fachada ainda se manteve, com as ricas mansões dos chefes celtas do sul com suas propriedades trabalhadas por escravos. Mas agora conviviam com pequenos grupos de colonos saxões para quem as terras eram ricas, pouco habitada e com muito espaço disponível. Com o enfraquecimento da autoridade romana, os ricos proprietários de terras passaram a sonegar impostos, aumentando assim o luxo e bem-estar a seus lares. Já nas zonas urbanas, a ausência de autoridade fez com que as cidades decaíssem. As cidades não foram novamente fortificadas, mas, pensando em sua auto-proteção, os bretões adaptavam as extensas trincheiras existentes, construídas centenas de anos antes.
Em 395, houve outra invasão bárbara, feita pela Aliança Bárbara, entre pictos, escotos e saxões. Para defender a Bretanha, Roma enviou um outro brilhante general de nome Estílico, que expulsou os invasores.
Mas Estílico não pode manter a paz, já que teve que partir para lutar contra os godos. Em 407, no entanto, um subordinado desconhecido foi eleito Imperador pelos soldados que permaneceram na Bretanha só porque tinha o mesmo nome que Constantino, o Grande. Os soldados partem em marcha sobre Roma, mas são derrotados pelo Imperador Honório.
Os bretões, sob ameaça de uma nova invasão, escrevem ao imperador pedindo proteção, mas este ordena lutarem por conta própria. Em 410, Alarico, o Godo, saqueia Roma. Isto abre caminho para outras invasões bárbaras na Europa. Apesar de Roma ter se recusado oficialmente a colaborar com os bretões, há provas de que os romanos enviaram mais uma expedição de ajuda à Bretanha.
O monge e historiador celta do século VI, Gildas, sobre as operações militares de Teodósio e Estílico, dizia que elas pertenceram ao Terceiro Salvamento.
Em 429, no século V, a essência do poder romano mudaria e, sob novos auspícios, enviaria uma nova expedição à Bretanha. O imperador romano, intitulando-se Pontifex Maximus, exigia a prática de adoração a sua figura. O bispo de Roma, durante a época de saques em Roma, também adotaria esta denominação, reivindicando para si a autoridade sobre todas as ramificações da Igreja Cristã.
Para estabelecer a supremacia da religião cristã, era necessário manter uma uniformidade absoluta na fé. Desta forma, heresias deveriam ser reprimidas de qualquer forma. O monge celta Pelágio negava a doutrina do pecado original, cuja idéia teve aceitação entre os cristãos da Bretanha, e o bispo de Auxerre seguiu em missão para combater a heresia. A missão era de cunho pastoral, mas a sua chegada coincidiu com a invasão de Flintshire, liderada por pictos e escotos..
Apesar de Germano estar ali como bispo, era também um soldado veterano, assim, se ofereceu para conduzir a defesa. Ele posicionou as suas tropas em um vale onde passava um rio. Enquanto o inimigo passava pelo desfiladeiro aparentemente deserto, Germano, surgindo por trás deles, gritou: "Aleluia" e ergueu sua cruz. Os bretões, que estavam de tocaia, repetiram "Aleluia" em ressonância, aterrorizando o inimigo, que, assustado, bateu em retirada. O rio, onde eles normalmente poderiam passar sem dificuldades, tornou-se uma armadilha mortal. Aqueles que não morriam em batalha, morriam afogados. Esta batalha associada a um líder cristão foi básica para delinear a imagem de Arthur.
Em 425, Vortigern, o mais poderoso dos reis britânicos locais, reinava do País de Gales ao sudeste da Bretanha. Tinha quatro grandes adversários reais e em potencial: os pictos, que viviam além das Muralhas de Adriano e de Antonino e que estavam sem defesa militar; os escotos, que atacavam a partir do País de Gales; os saxões que ameaçavam do sudeste; e uma facção dos romanosbritânicos cujo primeiro objetivo era a restauração das leis romanas e o segundo era esmagar todo e qualquer líder nativo ou bárbaro. Vortigern decidiu, então, aliar-se a um deles para lutar somente contra três. Aliou-se com os saxões, dando-lhes terras e apoio em troca de serviços militares. Os chefes saxões Hengist e Horsa propuseram retornar ao continente com seus navios e trazer do mar do Norte outros compatriotas que defenderiam o rei contra todos os seus inimigos. Das tribos germânicas que vieram com Hengist e Horsa, algumas eram de jutos e outras de anglos. Por oito anos os saxões cumpriram seu trato, mas com tamanha brutalidade que os tornaria abomináveis. Vortigern casou-se com Rowena, filha de Hengist, cuja a extrema beleza desculpava casamento tão inconveniente.
Os saxões fizeram o trabalho com tal vigor que os seus serviços já não eram necessários. Quando lhes disseram que agora poderiam viver nas terras a eles concedidas, todo o condado de Kent, que seu pagamento a partir de então cessaria, seu ressentimento não teve tamanho. O problema era que, além do grande número que havia chegado, eles mandavam buscar as famílias de seus parentes e se reproduziam com extraordinária rapidez. Em 442 ultrapassaram os limites de seu território e lutaram contra o exército de Vortigern, na terrível mas não decisiva Batalha de Aylesbury. Desse confronto partiram para a pilhagem e matança desenfreadas. Alguns bretões refugiaram-se na Armórica, outros tantos morreram nas mãos assassinas dos saxões ou viveram em suas casas em ruínas como animais famintos.
Esse massacre e essa destruição ocorreram durante os chamados Anos Negros, uma época descrita apenas por fragmentos, muito tempo após o acontecido, com apenas uma excessão: Gildas, que no início do século VI escreveu seu Liber querulus (Livro das Querelas) ou Book of Complaints on the Destruction and Conquest of Britain (Livros das Querelas sobre a Destruição e Conquista da Bretanha), um relato cheio de ressentimento pessoal, mas também com abundantes informações históricas. O livro raramente menciona algum nome e a motivação principal era a lamentação pela triste retirada dos romanos e a execração de Vortigern por ter aberto as portas aos saxões.
Em meio ao horror e destruição causados pelos saxões, um foco de resistência se formava. Ambrósio Aureliano é um dos poucos personagens citados por Gildas, "único sobrevivente de uma família romana". Ele o descreve como um típico soldado romano: modesto, forte e cheio de fé. Era um homem de cavalaria e "os bretões corriam como um enxame de abelhas em direção a ele, como um enxame de abelhas temendo uma tempestade que se aproxima. Lutavam na guerra tendo Ambrósio como líder", dizia Gildas. E o primeiro ataque de Ambrósio não seria contra os saxões e sim contra Vortigern, considerado traidor de seu país, cujo último refúgio foi um castelo em Flintshire. Ambrósio pôs fogo no castelo e Vortigern morreu em batalha.
O novo líder, para mostrar sua autoridade no oeste, permitiu então que o filho de Vortigern recebesse permissão para reinar sobre parte do reino de seu pai.
Logo após, Ambrósio dirigiu-se para o sudeste. Parecia um beco sem saída a luta entre as duas civilizações. Se, era impossível mandar os saxões embora, impediase pelo menos o seu avanço. Em 488, Ambrósio persegue Hengist no nordeste e mata o chefe saxão em batalha. Os saxões, no entanto, eram invencíveis no seu último reduto. Os bretões continuaram com uma forte ação defensiva contra os saxões e tiveram então um segundo comandante, cuja fama confirmou-se
universal e imortal.

Primeiros Contos Arthurianos
A Difusão da Lenda

Como a história de um comandante que lutava para restringir o avanço saxônico em uma pequena região da Bretanha conseguiu atingir tal grau de popularidade na Europa?
Este fato deve-se principalmente aos contadores de histórias bretões. Pelo excessivo número de bretões que se refugiaram na Armórica, esta passou a se designar Britânia ou Pequena Bretanha e entre este povo as histórias e lendas bretãs se mantiveram vivas através da tradição oral.
As baladas bretãs são citadas pela primeira vez pelos romancistas franceses do século XII e tinham como objetivo entreter os chefes e suas famílias. Os bardos, contadores ou recitadores de contos heróicos, para terem sucesso, precisavam, primeiramente, de uma boa fábula para contar, depois precisava de memória, uma boa capacidade dramática para a representação, além, é claro, da receptividade emocional dos ouvintes. Qualidades comuns entre os celtas.
Na catedral de Modena, sobre o arco do portal norte, encontra-se uma impressionante prova de como foi a difusão da lenda propagada pelos bardo: em um friso semi-circular, uma mulher é retratada em uma torre ladeada por um fosso e seis cavaleiros avançam, três de cada lado. Na figura feminina está inscrito Winlogee, em três dos protetores da torre aparecem os nomes de Burmaltus, Mardoc e Carrado e em um dos cavaleiros que avançam está inscrito Artus de Bretani. Loomis diz que o nome Winlogee seria uma forma de transição entre o nome bretão Winlowen e o francês Guinloic. Esta é a mais antiga referência a Guinevere na história de Arthur. Presume-se que esse entalhe ilustre a expedição que Arthur fez para salvar Guinevere quando foi raptada por Modred, filho de Arthur, e mantida por ele em uma torre, quando Arthur combatia Lancelot longe dali. Essa história é citada no que se supõe ser uma biografia de Gildas escrita por Caradoc de Lancafarn na primeira metade do século XII. Julga-se que o entalhe do pórtico da catedral deva ter sido feito entre 1099 e 1120.

A Transformação em Rei

Foi no começo do século X que Arthur, na imaginação popular, transformouse de comandante em rei. No poema galês sobre a batalha de Llongborth, Arthur é chamado de imperador. No entanto, o poema é posterior ao fato, já que, se ele tivesse sido feito na época de Arthur, deveria ser feito em bretão e não em galês.
É provável que se trate de uma reconstrução galesa de um poema bretão, composto não muito depois da batalha, no século V.
A mais famosa história gaulesa, Culwych e Olwen, do final do século X, mostra a transição na posição de Arthur; ele ainda não é chamado de rei, mas é mostrado como um poderoso líder, presidindo sua corte com poderes sobrenaturais. Já no século XII é chamado de imperador em outro famoso conto galês, The Dream of Rhonabwy.
Esses dois contos fazem parte do Mabinogion, onde estão dois manuscritos um escrito entre 1300 e 1325, conhecido como o White Book of Rhydderch (Livro Branco de Rhydderch), e outro escrito entre 1315 e 1425, Red Book of Hergest (Livro Vermelho de Hergest), quatrocentos anos mais tarde que Culwych and Olwen e talvez duzentos mais tarde que The Dream of Rhonabwyn.
Godofredo de Monmouth Em 1135 havia um novo Arthur diante do mundo: um soldado profissional, rei coroado, famoso por sua generosidade e seu exemplo cavalheiresco, estabelecido
em uma corte, não em um anônimo reino fantástico, mas na real cidade de Caerleon-on-Usk. Alguém que presidia torneios em seu país e que, no exterior, em vez de tomar parte em ridículas aventuras, em contos populares, realizava conquistas fantásticas, anexando a Escócia, a Irlanda, a Noruega, a Dinamarca e a Gália, e que só foi chamado de volta durante o ataque a Roma devido a uma insurreição traiçoeira em seu país.

O sucesso obtido pela Historia Regum Britannie, de Godofredo de Monmouth é quase tão interessante quanto à própria história de que trata. Seus duzentos manuscritos já eram conhecidos antes do fim do século XII na França, Espanha, Itália, Polônia e Bizâncio. Godofredo de Monmouth era um monge bretão ou gaulês nascido em Monmouth, e escolheu situar a corte de Arthur na cidade de Caerleon, construída perto de ruínas romanas, a trinta quilômetros de sua terra natal.
Ele tinha técnica para escrever, o que o habilitava a juntar lendas já conhecidas e estimadas e apresentá-las em um conjunto compacto e brilhante; apesar de dizer que estava escrevendo sobre fatos históricos, registrava, em função do seu interesse, o que sabia serem mentiras, atribuindo-lhes grande aparência de convicção; acima de tudo, escolhia um rei britânico ou rei qualquer da Historia que mais pudesse interessar aos leitores e ouvintes.
O desfilar começa com o mitológico Brutus, que veio de Tróia para colonizar a Bretanha, e termina com o mitológico Cadwallo. Fala de noventa e nove reis ao todo, e um quinto do trabalho é dedicado à história imaginária de Arthur. Talvez não tivesse inventado muito; adaptou lendas existentes, acrescentando alguns fatos inatacáveis, apresentando-os como fatos históricos. Sua contribuição para a história de Arthur foi a afirmação de que ele era filho de Uther Pendragon, que governava Caerleon-on-Usk, que seu primeiro-ministro era Merlin e que foi conduzido para a ilha de Avalon, quando ferido mortalmente. Loomis mostra que Godofredo descobriu uma lenda gaulesa sobre um vidente chamado Myrddin. E que encontrou em Nênio uma história sobre um menino vidente chamado Ambrosius que profetizara a Vortigern a sua destruição e a vitória dos saxões.
Assim, identificou esse menino como Merlin. Isso trouxe Merlin à órbita de Ambrósio Aureliano, estabelecendo uma ligação entre Merlin e Arthur, já que dizia que Ambrósio Aureliano era irmão de Uther Pendragon.
Loomis afirma que Godofredo haveria encontrado uma lenda córnica sobre Arthur sendo fecundado na terra de Tintagel por Uther Pendragon e Igerna, a pudica e bela esposa de Gorlois, duque da Cornualha. Isto aconteceu através dos poderes mágicos de Merlin, que deu a Uther a aparência do duque de Gorlois, enganando a ingênua esposa, com quem se casa depois de matar Gorlois em batalha.
Godofredo afirma que Arthur e Modred lutaram um contra o outro e que este forçou Guinevere a se casar com ele na Ausência de Arthur. Usando a tradição de Camlann (sem, no entanto, nomeá-la), Godofredo diz que Arthur perseguiu Modred na Cornualha até depois do rio Camel. Nesse encontro, Arthur teria sofrido um ferimento mortal, sendo levado então para Avalon.
Godofredo diz que Arthur, quando sucedeu Uther Pendragon, era um menino de quinze anos. Teria então juntado um exército de jovens da sua confiança e saído para libertar a Bretanha do jugo saxão. A Batalha de Badon, Godofredo identifica com tendo ocorrido em Bath, dando nomes às partes da armadura de Arthur: o escudo Pridwen (confundido com o navio de mesmo nome no qual Arthur viajou para Annwyn), sua lança Ron e sua espada Caliburn, embora dar nomes às espadas fosse uma prática antiga, vigente até a Idade Média. A espada de Carlos Magno era chamada Joyeuse e Godofredo diz, seja lá qual for a sua autoridade para isso, que a espada de Júlio César era chamada de Morte Açafrão. À vitória de Arthur em Badon seguiu-se outra campanha na qual ele venceu os irlandeses e os escotos, a quem resolveu destruir completamente. Somente a intervenção dos bispos escotos é que se poupou o restante da população. Selvageria semelhante ocorreu com a Noruega, que só foi poupada quando submetida completamente a Arthur, bem como a Dinamarca. Depois da batalha contra os irlandeses, casa-se com Guinevere, nascida de uma família romana nobre e a mais bela da ilha. Logo depois ele decide invadir a França, onde a questão é resolvida por um simples combate entre ele e o tribuno Flollo. Pelos nove anos seguintes, Arthur dedica-se à conquista da França, distribuindo as terras entre os nobres da sua terra natal.
Na primavera, a paz voltava à Bretanha. Logo após, ele relata a coroação e o casamento com Guinevere.
O acontecimento seguinte foi a ordem do imperador Lúcio Hibério cobrando de Arthur um tributo da Bretanha. A origem desse episódio explica-se pela modificação feita por Godofredo em um episódio da tradição gaulesa, a guerra de Arthur com o chefe irlandês Llwich, the Irishman. Transformando um obscuro chefe irlandês no imperador de Roma. Arthur teria considerado um insulto o tributo e assim parte para a conquista de Roma.
A luta com o imperador ocorreu no outono, sendo que o imperador caiu por um golpe de lança "de uma mão desconhecida". Arthur ordenou que o corpo fosse enviado ao senado romano com a mensagem de que nenhum outro tributo seria pago pela Bretanha. Durante os preparativos para o avanço sobre Roma, ele recebe a notícia de que Modred, seu sobrinho deixado como regente, havia tomado a coroa e se ligara com a rainha Guinevere. A volta de Arthur levou à batalha de Camlann, onde ele e Modred morreram, sendo levado para Avalon e deixado a coroa para seu parente, Constantino. Guinevere, levada pelo desespero, fugiu de York para Caerleon, onde, dali em diante, levaria uma vida casta entre as freiras e acabaria por se ordenar.
Godofredo não fala nada sobre a Távola Redonda ou a Busca pelo Santo Graal. Nem sobre as histórias de Lancelot ou Tristão. Sobre Merlin, dedicou o Livro VII da Historia às "Profecias de Merlin", onde as únicas profecias mesmo eram aquelas que qualquer escritor de 1130 poderia colocar na boca de um personagem do século VI. No entanto, as "Profecias" tiveram grande impacto, sendo inclusive editadas em separado.
Alguns anos mais tarde, Godofredo escreve a narrativa em versos Life of Merlin (A Vida de Merlin) onde o bardo galês Taliesin faz um relato mais detalhado de como Arthur teria sido carregado para Avalon, descrita como ilha fantástica, habitado por nove damas, uma das quais sua irmã, a fada Morgana (cujo nome parece vir da forma como os bretões chamavam as fadas da água - Morgans).

Wace e Layamon

Wace, o Francês, nasceu em Jersey, então parte do feudo da Normandia, em 1100, e, escritor, dirigia sua obra "ao povo rico que possui rendas e moedas de prata, pois é, para eles que os livros são feitos". Sua mentalidade era tipicamente francesa, cética e lúcida. A forma narrativa de Wace era mais cortês que Godofredo, eliminando detalhes desnecessários e diminuindo as atrocidades que Arthur cometia em relação aos pictos e escotos. Embora outros escritores e historiadores apenas insinuem que Guinevere não tivera filhos, Wace afirma isso categoricamente. No entanto, a única contribuição dele à lenda escrita foi a Távola Redonda, que dizia que já era famosa e que não fora invenção dele.
A história de Arthur já havia sido contada em: latim, galês e francês. No reinado de Ricardo Coração de Leão, entre os anos de 1189 e 1198, Layamon, um padre de Arley Regis, em Worcestershire, fez em versos a primeira apresentação de Arthur em língua inglesa, baseada na versão de Wace. Ele seguiu de perto o trabalho de Wace e, através dele, de Godofredo de Monmouth, apresentando Arthur como um herói poderoso que derrotou os saxões. Godofredo era gaulês ou bretão, Wace era francês, já Layamon era anglo-saxão, escrevendo na língua dos anglo-saxões, e seu entusiasmo pela destruição das hostes saxônicas era surpreendente. A narrativa de Layamon era mais seca e rústica, mostrando toda a violência contida no texto, ao contrário de Wace. Também Layamon não demonstrava o ceticismo de Wace. Aceitava o sobrenatural e ainda acrescentava aos prodígios de Godofredo e outros por conta própria. É estranho lembrar que a versão de Layamon surgiu quarenta anos mais tarde que a de Wace, no entanto, a deste último se apresenta mais bem acabada.

Avalon

O Túmulo de Arthur

Avalon, chamada de Avilion por Malory, surgiu pela primeira vez na história de Arthur através de Godofredo de Monmouth. Godofredo juntou uma miscelânea de tradições com relação à sobrevivência de Arthur e ao lugar de refúgio: tanto para britânicos, bretões ou gauleses, o lugar é sempre um paraíso cercado de água, localizado na região costeira, que se chamava Avalon. E disse: "O renomado rei Arthur, gravemente ferido, foi levado para a ilha de Avalon, para a cura de suas feridas, onde entregou a coroa da Bretanha a seu parente Constantino, filho de Cador, duque da Cornualha, no ano de 542 do Nosso Senhor". Mais tarde, no livro Life of Merlin, Godofredo descreve o lugar como uma ilha fantástica, habitado por nove damas, uma das quais a sua irmã, a fada Morgana.
Grande é a associação de Glastonbury com Avalon. A grande abadia de Glastonbury foi fundada no século V. A seu lado havia uma pequena igreja, muito antiga, de paredes de taipa, que se dizia ser o primeiro santuário construído na Bretanha, e, assim, associado a José de Arimatéia, que teria trazido o Santo Graal para a Bretanha. Em 1184, um incêndio destruiu a pequena igreja, bem como a maioria dos prédios da abadia. Um programa de reconstrução foi então iniciado por Henrique II, mas, como demandava somas intensas, era necessário alguma coisa para atrair peregrinos com suas bolsas. Giraldus Cambrensis, um gaulês de ascendência parcialmente normanda, produziu então, entre 1193 e 1199, uma obra intitulada De Principis Instructione, na qual registra que Arthur teria sido um benfeitor da abadia e que teria sido na verdade enterrado nela, já que seu corpo fora encontrado em 1190. Jazia entre duas pirâmides de pedra que marcavam os locais de outros túmulos, a 5 metros de profundidade, envolvido em um tronco de
árvore oco. Do lado de baixo do tronco que servia de caixão, havia uma pedra e abaixo dela uma cruz de chumbo na qual estavam gravadas as seguintes palavras em latim: "Aqui jaz enterrado o renomado rei Arthur com Guinevere, sua segunda esposa, na ilha de Avalon". Dois terços do caixão eram ocupados por um homem de tamanho incomum e o restante por ossos de uma mulher, juntamente com uma trança de cabelos loiros que virou pó ao ser tocada por um monge. A tal descoberta teve o sucesso que interessava e Glastonbury tornou-se uma atração turística.
Godofredo de Monmouth dissera que Arthur fora levado embora, mortalmente ferido, para a ilha de Avalon. A partir do momento que os ossos de Arthur teriam sido encontrados em Glastonbury, junto com a cruz funerária que dizia que ele teria sido enterrado em Avalon, Glastonbury tornou-se sempre Avalon. Guilherme de Malmesbury, em sua Gesta Regum Anglorum (Gesta do Rei dos Anglos), de 1125, apenas menciona o fato de os britânicos chamarem Glastonbury de Inis Witrin, a Ilha de Vidro. Caradoc de Lancafarn, em sua Life of Gildas, de 1136, repetiu que os britânicos a chamavam de Ynis Gutrin, Ilha de Vidro. Giraldus Cambrensis e Ralph, abade de Coggeshall, em sua Chronicon Anglicanum (Crônica Anglicana), foram os dois primeiros escritores a dizer que Glastonbury era Avalon.

Cavaleiros da Távola Redonda
Mudanças na Lenda

Dois famosos escritores do século XII mudaram o tratamento celta dado à história de Arthur. Essa mudança ocorreu de uma maneira muito súbita. No trabalho destes escritores, Arthur será a figura de menor importância, já que os principais personagens seriam os cavaleiros de sua corte. Nos duzentos anos a seguir, a figura de Arthur seria usada apenas como ponto de referência. Estes escritores foram Maria da França, com uma recontagem da história de Tristão e Isolda, e Chrétien de Troyes, que com o amour courtois centrou a história em Lancelot e Guinevere.

Os cavaleiros e suas Lendas

Dentre os inúmeros cavaleiros de Arthur, ou relacionados a ele, os que tiveram maior destaque são os relacionados abaixo:

Gareth e Lineth

A história de Gareth é mostrada no livro de Malory, The Book of Gareth, do qual nenhum original foi encontrado, apesar de se supor que haja uma fonte francesa perdida. O herói Gareth é um jovem de físico e força excepcionais. Ele vem à corte de Arthur, onde não é reconhecido nem por seu tio Arthur, nem por Gawain, seu irmão. Por alguma razão perversa começa trabalhar na cozinha de Arthur, onde Sir Kay, o dispenseiro, o trata mal e por causa de suas mãos grandes dá-lhe o apelido de Beaumains (Belas Mãos em francês). Todos riem dele, exceto Lancelot, que é gentil com ele desde o início.

O rapaz interessa-se apaixonadamente pela cavalaria e, embora executando seus deveres de lavador de pratos, faz questão de assistir a todas as exibições de habilidade dos cavaleiros. Por fim, acaba com a subserviência, veste a armadura que sua mãe tinha mandado fazer para ele já há algum tempo e desafia Lancelot.
Este fica impressionado com a sua força e antes de ser derrotado, os dois param.
A gentileza e a clemência do jovem são reprovadas por Lineth, moça arrogante que desdenha a indicação de Beaumains para salvar a sua irmã aprisionada, a dama de Lionesse, pois pensa que é um mero criado de cozinha. Seu comportamento é irracionalmente descortês e ingrato até que suas injúrias e seu escárnio são refreados pelo contínuo sucesso do rapaz contra os adversários da sua irmã. "Ai de mim, diz ela: belo Beaumains perdoa-me tudo que eu disse ou fiz de mal contra ti. De todo o meu coração, diz ele, eu te perdôo, pois não fizestes nada de mais, todas as suas palavras malvadas me agradavam... e como estás se desculpando espontaneamente, eu te quero bem... não há cavaleiro vivo que eu não seja capaz de combater". No entanto, ele se apaixona, sim, mas é pela irmã dela, a dama de Lionesse. Leva-a para a corte de Arthur e casam-se. Linet, curada de sua raiva patológica, está casada com outro cavaleiro.

Modred

Modred era filho de Arthur com sua irmã, Morgana. Em escritos antigos, ele é muitas vezes identificado como Anwr. Em Malory, Merlin avisa Arthur que ele seria morto por alguém nascido no dia primeiro de maio, assim, Arthur ordena que todos os bebês nascidos nesse dia, fecundados por lordes e gerados por damas, fossem colocados em um navio e levados para o mar. O navio naufraga e todos os bebês se afogam, menos Modred, que, carregado para praia, foi encontrado por um homem de bom coração que tomou conta do bebê. Mais tarde, Modred vai para corte de Arthur onde, juntamente com seu irmão Agravaine, passa a fomentar a discórdia. Por fim passam a vigiar Lancelot e Guinevere, acabando por pegar Lancelot nu na cama da rainha. Lancelot conseguiu fugir, matando um do bando de Modred. Quando Arthur parte para a França para lutar contra Lancelot, Modred é deixado como regente. Aproveita a oportunidade para Capturar Guinevere e tentar se casar com ela a força, tomando a coroa. Arthur retorna à Bretanha e luta contra o filho, culminando na batalha de Camlann, onde Arthur corre atrás de Modred e o atravessa com sua lança, em seguida Modred golpeia o pai, segurando a espada com ambas as mãos, ao lado de sua cabeça. Modred cai morto e Arthur deita-se abatido no chão.
Balin e Balan

Balin e Balan é um conto mórbido escrito por Malory, onde os gêmeos Balin e Balan, irmãos de Lancelot por parte de pai, se encontram em uma floresta mas, estando os dois armados e sem brasões em seus escudos, não se reconhecem e passam a lutar, acabando por se matarem.

Yvain

Yvain é um conto de Chrétien de Troyes, baseado no conto galês The Lady of the Fountain (A Dama da Fonte). Yvain sai da corte de Arthur para uma aventura na floresta de Brocelinde, onde quem quer entrasse em uma certa clareira e quebrasse com um golpe um bloco de esmeralda ali pendurado criaria uma tempestade, quando então viria um cavaleiro para desafiá-lo. Yvain mata o cavaleiro e conquista a sua viúva. Quando estão para se casar, Arthur chega para saber como a aventura havia transcorrido.

Kay

Kay era o irmão adotivo de Arthur, tornando-se o mordomo real depois que Arthur se torna rei. Ferido em batalha, Kay era coxo, o que não impedia de ter algumas aventuras, nem sempre bem sucedidas, como a narrada por Chrétien de Troyes, na qual Arthur e alguns de seus cavaleiros vão procurar Sir Kay, que empreende uma aventura. "Quando eles se aproximam da floresta, vêem o cavalo de Kay fugindo... O cavalo fugindo desesperadamente, as correias do estribo de couro todas manchadas de sangue e a armação da sela quebrada".

Urre
Sir Urre era casado com Morgana, sendo muito mais velho que esta. Uma passagem importante envolvendo este personagem é dada quando este está ferido, não conseguindo sarar. Sir Urre é então levado à corte de Arthur para ver ser alguém ali podia exercer o poder de cura. A começar por Arthur, um enorme grupo de cavaleiros tenta sem sucesso. Por fim Lancelot é visto cavalgando à distância. Quando este se apresenta, Arthur explica o assunto e diz que ele também deveria fazer uma tentativa. "Jesus me proteja, diz Lancelot, quando tantos reis e cavaleiros já tentaram e fracassaram, como poderia eu ter a presunção de realizar o que os senhores não realizaram... Estás vendo de modo errado, disse o rei Arthur, não deves fazer isso por presunção, mas para demonstrar tua camaradagem conosco, pois és também um cavaleiro a Távola Redonda". Lancelot, a contragosto, ajoelhou-se aos pés do cavaleiro ferido "dizendo secretamente para si mesmo: Tu, Pai Abençoado, Filho e Espírito Santo, eu te imploro teu perdão... Tu és o único que podes curar este cavaleiro doente por meio de tua grande virtude... mas, bom senhor, nunca por mérito de minha pessoa". Então pede ao cavaleiro para deixá-lo ver as feridas; examina-as e, depois de sangrarem um pouco, elas aparecem curadas, como se estivessem há sete anos cicatrizadas.

Bedivere e Lucan
Sir Lucan e Sir Bedivere foram uns dos poucos cavaleiros de Arthur que sobreviveram à Batalha de Camlann. Quando caiu a noite no campo de batalha, Lucan diz que é melhor levar o rei para alguma cidade. "Eu gostaria que fosse assim, disse o rei, mas não posso ficar de pé, e minha cabeça não pode se mover". Então eles começam a carregar o rei, mas na tentativa, Sir Lucan cai
morto. Arthur, sozinho com Bedivere, encarrega-o de levar a sua espada, Excalibur, para além da margem do rio e, assim que voltasse, contasse o que tinha visto. Bedivere toma a espada e dirige-se para a água, mas no caminho observa aquela nobre espada e vê que o botão do punho e o cabo eram de pedras preciosas, e sente que não pode sacrificá-la. Por duas vezes tenta atirá-la, mas não consegue, e Arthur percebe a desobediência de Bedivere quando ele conta que viu apenas ondas inquietas e águas tristes. Ordenado de novo a jogar a espada no rio, Bedivere atende às ordens, lançando a espada o mais longe possível, veio um braço e por cima da água uma mão alcançou a espada e a pegou. Assim, sacudiu a espada por três vezes, brandiu-a e então mão e espada desapareceram. Depois de ter cumprido a tarefa, Bedivere leva o rei nas costas até a beira da água, lá uma barca aporta com muitas senhoras, dentre uma das quais uma rainha, Morgana, o rei é colocado na barca e parte para Avalon.

Sir Lancelot do Lago - (O Herói Armagurado)

O personagem Lancelot, como membro especial da confraria de Arthur, já era bem conhecido no século XII, e Loomis constatou que havia vestígios de sua origem no guerreiro galês Lluch Llauynnauc e na divindade irlandesa Lugh Lamhfada. No entanto é atribuída ao escritor suíço Ulrich von Zatzikhoven, na última década do século XII, a origem do nome Lancelot do Lago, retirado da tradução de um romance anglo-saxão extraviado.

Lancelot era filho do rei Ban de Benoic, distrito da Britânia. Com a morte do pai, Lancelot foi levado pela Dama do Lago para seu palácio sub-aquático.

Quando Lancelot completa quinze anos, sua mãe adotiva o equipa e manda-o para a corte de Arthur. Ele luta em favor de Guinevere, mas não há nenhum adultério entre eles.

Lancelot tem namoros casuais e por fim, casa-se com uma esposa amável e fiel. O primeiro a escrever sobre Lancelot ser amante de Guinevere foi Chrétien de Troyes, que dizia que a história estava sendo ditada pela condessa de Champanhe, que também ditava o estilo.
No início da história, Meleagant, um cavaleiro infiel, prende muitos dos súditos de Arthur em Goirre, terra rodeada de água. Por fim, Meleagant captura Guinevere. Lancelot luta por sua rainha e no final, em um combate solitário, consegue a libertação dela e de todos os outros reféns. A história se parece com a que é contada por Caradoc de Lancafarn em Life of Saint Gildas, trabalho escrito antes de 1130, que relata que Guinevere teria sido capturada por Melvas (transfornado em Melleagant por Chrétien) e levada para a Ilha de Vidro (chrétien leu Goirre em vez de Voirre). Arthur com um grande exército recrutado em Devon e na Cornualha sitia Melvas e salva Guinevere.

Na versão de Chrétien, ele trocou Arthur por Lancelot. Arthur é apresentado como um homem de boa índole, benevolente, mas ineficaz, o que reduz drasticamente o seu poder. Isto se deve ao fato que a corte de Champanhe, onde Chrétien escreveu sua história, não estava interessada em atos heróicos contra bárbaros na Inglaterra, mas sim na vida que estava na moda, na qual o rei Arthur necessariamente fazia o papel de marido traído. A traição de Lancelot e Guinevere é permissível, sem arrependimento entre os dois, é somente em Lancelot, do Ciclo Popular ou Ciclo Bretão, que Guinevere exclama: "Teria sido melhor para mim se eu nunca tivesse nascido". Foi aí, com Malory, que Lancelot foi chamado de o primeiro herói do romance moderno.
Lancelot é um homem de grandes virtudes pessoais e profissionais, sem forças para resistir a uma paixão que por um longo tempo acredita ser mais ou menos incorreta e que, por fim, aceita ser complemente errada. Ele tem inimigos: alguns têm ciúmes, outros ficam indignado com a sua ligação com a rainha e é isso que acabará levando à guerra civil. Mas muitos o amam, não somente Guinevere o ama, mas Arthur o ama também; não somente a donzela de Astolat, mas o irmão dela, Lavaine; os cavaleiros devotados a ele sentem uma admiração e uma forte afeição pessoal. Apesar de não poder ver o Graal por causa do adultério, Lancelot apresenta grande caráter moral tanto no episódio com Sir Urre quanto no da Donzela de Astolat. Lancelot vai competir em um torneio disfarçado, assim, para desviar as suspeitas, aceita uma prenda de Elaine. Vitorioso, mas ferido, é levado por Lavaine para um eremitério para ser curado. Gawain, sabendo da verdadeira identidade do cavaleiro, o revela para Elaine, que cuidava dia e noite dele. Bors vai ao encontro de Lancelot, ansioso e constrangido por tê-lo ferido, e pergunta: "Mas é Elaine que está interessada em você?". "É ela. Não posso afastá-la de mim" - diz Lancelot. "E por que deveria afastá-la? É uma bela donzela, de boa aparência e bem instruída, e vejo, pelos cuidados dela para com você, que ela o ama muito". A resposta de Lancelot é agourenta: "Isso me deixa arrependido". Quando está curado e pronto para partir, Elaine o pede por marido e ele diz que prometera nunca ser casado. Ela então pede para ser sua amante, ao que ele fica horrorizado e diz que nunca poderia fazer tal maldade com quem o tinha tratado tão bem. Ela diz então que nada resta senão morrer de amor. Para evitar isso, Lancelot promete a ela um dote de mil libras por ano e mais qualquer cavaleiro que ela escolha para se casar. Ele recusa todas as propostas, pois o que quer é ser somente sua esposa ou sua amante. "Bela donzela, por essas duas coisas tens de me perdoar" - respondeu Lancelot. Assim ela gritou e desmaiou.
Durante nove dias, Elaine não comeu, bebeu ou dormiu. No décimo dia ela morreu. A carta que pedira para escrever para Lancelot estava em suas mãos e ela foi colocada em uma barca recoberta de tecido negro que desce até Winchester. Na carta estava escrito: "Nobre cavaleiro, Sir Lancelot, agora é com morte que eu disputo o teu amor. Os homens me chamavam de Bela Donzela de Astolat, mas eu te amava, e por esta razão a todas as damas faço meu lamento.

Rezem por minha alma e por fim me enterrem. Este é meu último pedido. E tomo Deus por testemunha de que como donzela casta morri. Sir Lancelot, reza por minha alma, pois tu és sem igual."
Mas o romance entre Lancelot e Guinevere não poderia ficar para sempre ignorado. Modred e seu irmão Agravaine passam a vigiá-lo e por fim encontram Lancelot desarmado na cama da rainha. Lancelot mata o primeiro do bando que o ataca e foge. A rainha é condenada à fogueira. É fora dos muros de Carlisle que Lancelot salva a rainha, já despida, só de camisola, prestes a ser levada para o poste. Corpo a corpo ele vai abrindo caminho e, sem saber, mata Sir Gaheris e Sir
Gareth, irmãos do vingativo Sir Gawain. Ele leva a rainha para seu castelo de Joyous Garde, para onde partem Arthur e Gawain em seu encalço. A disputa é resolvida por um combate entre Gawain e Lancelot, com vitória de Lancelot. Neste meio tempo, Modred havia raptado a rainha e planejava casar-se com ela e tornarse rei. Arthur parte então para lutar contra Modred, morrendo os dois no confronto.
Guinevere, arrependida, entra para um convento e Lancelot também entra para uma ordem, onde, depois da morte de Guinevere, definha aos poucos até morrer.

Sir Gawain - (O Cavaleiro Vingativo)

Sir Gawain é muitas vezes descrito como sendo sobrinho de Arthur, filho de Morgause e irmão de Sir Gaheris e Sir Gareth. Possuia um comportamento muito irritadiço, como pode-se constatar em Layamon, que, quando Arthur descobre a traição de Modred e Guinevere, Gawain declara que vai enforcar Modred com suas próprias mãos e que Guinevere deve ser despedaçada por cavalos selvagens. Outra passagem, descrita por Malory, onde se pode visualizar o caráter vingativo de Gawain é mostrado quando do cerco ao castelo de Lancelot.
Lancelot, que durante a fuga com a rainha mata Gaheris e Gareth, afirma que a acusação de traição contra ele é falsa e que o julgamento por combate havia mostrado que ele estava certo. Arthur poderia até perdoá-lo, mas Gawain não deixa que isso ocorra. O clímax da história é a luta entre Gawain e Lancelot. A luta é interessante, pois mostra vestígios de uma história muito antiga. Gawain tem uma peculiaridade que lhe permite ganhar força física no período que vai das nove da manhã até ao meio-dia. Malory diz que isso era um presente de um homem santo, mas é claro que, originalmente, Gawain era um adorador do deus-sol. A despeito desta vantagem, Lancelot simplesmente resiste nas horas de força de Gawain e, quando elas declinam, lança-o à terra. Por duas vezes essa luta sobrenatural acontece e a cada vez que Gawain é jogado no chão, chama Lancelot para continuar a luta. Lancelot responde que quer lutar com ele de novo, mas só quando estiver de pé.

O conto mais famoso de Sir Gawain, no entanto, é intitulado Sir Gawain and the Green Knight, escrito por volta do ano 1400. No dia do Ano-Novo, quando o rei, a rainha e a corte estão reunidos para um jantar, um cavaleiro de tamanho incomum entra no casarão com seu cavalo. Pede que algum cavaleiro ali presente lhe dê um golpe no pescoço com o machado que ele carrega e que, no próximo Ano-Novo, o oponente esteja na Capela Verde para receber, por sua vez, o seu golpe. O cavaleiro e suas roupas, assim como seu cavalo, os trajes e os arreios, tudo era verde. O ouro e o aço estavam manchados de verde, os arreios reluziam e cintilavam com pedras verdes e filetes de ouro estavam entrelaçados na crina verde do cavalo. Arthur imediatamente se oferece para o desafio do cavaleiro, mas Gawain se interpõe e o toma para si. Com um golpe de machado, decepa a cabeça do cavaleiro que rola pelo chão, espalhando sangue na carne verde. O
cavaleiro verde recolhe a cabeça. Levanta as pálpebras, olha vivamente e então encarrega Sir Gawain de encontrá-lo naquele dia, após um ano, na Capela Verde.
Segurando a cabeça pelos cabelos verdes, monta em seu cavalo e deixa o casarão. Um ano depois, para manter a palavra, Gawain chega ao castelo de Sir Bertilak, anfitrião cordial e generoso que, por ter cor normal, não é reconhecido como sendo o cavaleiro verde. Gawain chega ao castelo em completo estado de exaustão. Recebido com hospitalidade, envolvido em um manto de arminhos
enfileirados, é convidado a sentar ao lado de uma lareira com brasas de carvão.
Quando Sir Bertilak retorna ao seu castelo, depois da caça, recebe o hóspede com muita cortesia e combina com ele que daria o produto de sua caça a Gawain todo dia e, em troca, Gawain lhe daria algo que tivesse recebido no castelo.
Durante a sua estada no castelo, Gawain recebe de manhã, antes de sair da cama, a visita da bela mulher de Bertilak, se vendo obrigado a resistir às suas investidas. Por dois dias assim o faz, aceitando somente beijos que, à noite, transmite a Sir Bertilak em troca da caça. Na terceira manhã, porém, a senhora o oferece um cordão verde que o protegerá de qualquer ferimento, o medo de sua provação faz com que o aceite, mas esconde o fato de seu anfitrião. Quando chega o dia do Ano Novo, para honrar seu compromisso, ele sai em busca da Capela Verde. Achando o local, o Cavaleiro Verde aparece para devolver o golpe de Gawain. Se ele não tivesse aceitado o cordão verde, o machado teria caído sobre ele inofensivamente, mas, como isso não aconteceu, o machado esfola sua pele e seu sangue jorra. Agora revela-se que o Cavaleiro Verde é o próprio Sir Bertilak, que havia sido enfeitiçado pela irmã de Arthur, a fada Morgana. Depois de trocarem muitas cortesias, Gawain parte e retorna à corte de Arthur, a quem confessa sua pequenez por ter aceitado o cordão.

Persival e Galahad - (A Demanda pelo Santo Graal)

As histórias de Galahad e de Persival estão intimamente ligadas ao Santo Graal. Galahad era filho de Lancelot com Elaine e, por sua pureza, era o único cavaleiro que poderia se sentar na "cadeira perigosa", um assento que sempre ficava vazio na Távola Redonda e que se dizia que apenas um escolhido poderia se sentar nela.
Galahad chega então despido de qualquer arma ou brasão, apenas com uma túnica branca, e, durante a história, ele vai se armando com armas mágicas como uma espada que se encontrava encravada em uma pedra que flutuava no meio do lago.
Durante a busca pelo Santo Graal, Lancelot apenas poderia vislumbrar o brilho do Graal, por ser o melhor cavaleiro do mundo, mas manchado pelo adultério, já Galahad, por ser puro de coração é permitido que ele não só veja o Graal como também o pegue, mas isso causa a sua morte e ele é levado aos céus pelos anjos.
Percival também foi um cavaleiro altamente envolvido com a busca pelo Graal. Na obra inacabada Perceval ou Le conte del Graal de Chrétien de Troyes tem-se a primeira aparição de Persival.
A mãe de Percival, que tinha perdido os irmãos e o marido em torneios de cavalaria, tinha jurado levar seu filho, ainda criança, para um refúgio em uma floresta nos contrafortes de Snowdon, onde ele nunca ouviria a palavra "cavaleiro". Em uma manhã de maio, o menino está no meio da floresta e, embora não possa ver nada por causa das folhas, ouve o ruído da aproximação de cinco
cavaleiros, quando ele viu suas cotas brilhantes, seus capacetes, escudos e lanças reluzentes - coisas que nunca tinha visto antes -, e a luminosidade verde e rubro-escarlate brilhando ao sol, e ouro, azul-celeste e prata, gritou maravilhado:
"São anjos"! Todas as preocupações de sua mãe se frustam em um único momento. Quando ele ouve que tais pessoas eram cavaleiros e que estavam ligados à corte de Arthur, declara que irá com eles ao rei que faz cavaleiros.
Quando jovem cavaleiro, Percival é guiado a um rio onde vê um homem pescando. Este é o Rei Pescador. E, então, convidou-o para entrar em seu castelo, localizado acima da margem do rio. Quando chega, seu anfitrião está deitado, defronte a ele, em um leito do qual não pode mover-se sem ajuda. O rei fora ferido entre as pernas e, enquanto as feridas não sarassem, suas terras permaneceriam áridas e estéreis. O rei Pescador é um anfitrião cortês e generoso. Enquanto ele e seu hóspede estão jantando, um desfile ritual abre caminho pelo salão: uma donzela leva um prato, em seguida outra donzela carrega um prato entalhado acompanhada por um escudeiro que segura uma lança sangrando, e atrás deste passam criados carregando candelabros. Eles estão indo alimentar o pai do rei Pescador, que é invisível e mantido vivo com uma hóstia consagrada levada pela donzela em um dos pratos.

O Graal ficava no castelo e era carregado por uma donzela e espalhava tamanha luminosidade pelo salão que ofuscava todas as luzes da sala. Durante o desfile, Percival deveria ter perguntado: "Quem é servido com este Graal?". O erro de Percival resultou não só na continuidade da doença do rei Pescador, mas também na deterioração geral da sociedade. Depois da batalha de Camlann, Percival torna-se um monge juntamente com Lancelot.

Sir Tristão de Lionesse (O Cavaleiro Poeta)

Rica é a bibliografia de Tristão e Isolda. Além de figurarem em escritos celtas antigos, os chamados mabinogions (porque eram destinados à educação do mabinog, ou discípulo do bardo) e em narrativas populares anônimas, como Folie Tristan, Luite Tristan e Tristan Moine, inspiraram uma vasta literatura em francês, inglês, alemão, italiano, espanhol e português.
O nome do pai de Isolda, Gormond, é escandinavo, e ela mesma aparece às vezes como "Isolt". Acrescente ao fato dela ser loura (la Blonde). Donde a idéia de que a história remonte ao tempo dos vikings na Irlanda. No entanto, segundo a maioria dos autores, a lenda é celta e tem por base a vida de um rei picto que viveu na Escócia, onde reinou de 780 a 785. Chamava-se Drest filius Talorgen. O Livro Vermelho de Oxford alude a um certo Drystan ab Tallwch, amante de "Essylt", mulher de "Marc". "Tristan" proviria então de "Drest", "Drystan", "Drust", "Drustan". Em português, impunha-se Iseu ao invés de Isolda, forma alemã popularizada por Wagner, como pode-se ver pelo Cancioneiro da Vaticana, de D. Dinis: o mui namorado Tristan sey ben que non amou Iseu quant'eu vos amo.... Já Jorge Ferreira de Vasconcelos usa "Iseo", com "o", em Memórias das proezas da segunda Távola Redonda, Lisboa, 1567, capítulo XLII: "... de dom Tristam de Leonis e da sua amada Iseo..."
A popularidade da história de Tristão e Isolda foi conseguida graças a Maria da França, uma mulher de quem pouco se sabe, que escrevia lais, versos sobre histórias de cavalaria já conhecidas ou que ainda corriam entre os contadores de história.
Seus versos intitulam-se Chèvre Feuille (A Madressilva). Esse conto, conhecido desde o ano 1000, é de origem puramente celta, sem conexão com Arthur. A história passa-se na Cornualha, onde Marco é rei, mas o magnetismo causado pelo nome de Arthur fez com que essa história se prendesse também ao corpo da lenda. Tristão não era famoso por sua habilidade como lutador, mas tinha grande agilidade física. Era também um harpista. A história de Tristão é marcada por tragédias, dizia-se que ele nunca foi visto sorrindo, a começar por seu nascimento, onde seu pai é morto em batalha, perdendo o reino de Lionesse, e sua mãe morre no parto. Graças a estas tragédias, ele recebe o nome de Tristão. Criado por um cavaleiro como se fosse seu filho, Tristão desconhece sua origem e de seu parentesco com Marco, seu tio. Ainda criança, Tristão mata por acidente um outro menino durante uma rixa. Levado para Bretanha a fim de ter uma educação de cavaleiro e um dia recuperar seu trono, Tristão acaba preso em um navio muçulmano, onde seria vendido por escravos, se não tivesse conseguido fugir, indo parar nas costas da Cornualha. Durante muito tempo permanece na corte do rei Marco, sem revelar a este que era seu sobrinho, o que ocorre quando a Irlanda cobra um antigo tributo da Cornualha que, se não fosse pago, só poderia ser substituído pela luta entre dois campeões da família real da Irlanda e Cornualha. Tristão se oferece e parte para lutar contra Morolt, matando-o quando este prende a espada no casco do barco. Ferido pela espada envenenada de Morolt, Tristão é colocado em um barco sem remos com sua harpa para ser curado pela rainha da Irlanda. Durante sua permanência disfarçado, com o nome de Tãotris, acaba se apaixonando pela princesa Isolda, que cuidava dele. Mas Isolda acaba prometida a Marco e Tristão retorna à Irlanda para buscá-la. Na
viagem de volta, no entanto, eles bebem um filtro de amor que a criada de Isolda, Brangwen, havia preparado para a noite de núpcias da princesa, com isso uma paixão cega toma conta deles, de tal forma que, quando chegam à Cornualha, já são amantes. Começa então o mórbido, mas interessante relato do casamento de Isolda com o já desconfiado Marco e a continuação de sua aventura com Tristão.
Segue-se então a descoberta e a fuga de Tristão para a Britânia, onde se casa com uma princesa só porque seu nome também era Isolda (ISolda das Mãos Brancas), não podendo consumar o casamento. Quando está prestes a morrer de uma infecção causada por uma seta envenenada, Tristão manda uma mensagem, implorando que Isolda da Irlanda viesse até ele, e ordena que, no retorno do barco, deveriam estender velas brancas se a trouxessem e negras se ela não viesse. Quando as velas brancas são vistas se aproximando, sua esposa Isolda diz que elas são negras. Angustiado, Tristão morre, e Isolda chega, para morrer ao lado dele.

Fatos e Mitos
Os Anais da Páscoa
A história do Rei Arthur e de seus cavaleiros é realmente apaixonante, tanto que no século XII ainda havia derramamento de sangue de bretões e ingleses, sendo que os primeiros lutavam em nome de Arthur. Mas quem foi Arthur? Ele realmente existiu? Se existiu, por que toda sua história está envolta em lendas e sem conteúdo histórico?
O mais empolgante é descobrir que Arthur realmente existiu. Como a Páscoa é uma festa móvel, era necessário fazer cálculos para saber quando cairiam as próximas festas, nos anos seguintes. Essas tabelas de cálculos, existentes em várias abadias, eram chamadas de Tabelas da Páscoa. Eram organizadas em colunas, sendo que a coluna da mão direita era deixada em branco. Nela eram anotados os eventos de importância relevante. Os itens desta coluna eram chamados de Anais de Páscoa.

É comumente aceito que a data do manuscrito que continha os anais é consideravelmente mais velha que os eventos anotados nela; mas os especialistas concordam que, quando novas tabelas de cálculo eram feitas, os principais eventos das tabelas anteriores eram transcritos para as mais novas. No Museu Britânico há um maço de documentos conhecidos como Historical Miscellany (Coletânea histórica) que contém um conjunto de tabelas de Páscoa.
Em suas colunas de anais ocorrem dois registros: O primeiro tem sua data discutida, já que o copista teria datado os registros a partir do ano em que se iniciaram os anais, que pode ser 499 ou 518 d.C. Está escrito: "Batalha de Badon, na qual Arthur carregou nos ombros a cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por três dias e três noites, e os bretões foram vitoriosos". No segundo registro de 539, lêse:
"Batalha de Camlann, na qual Arthur e Modred morreram. E houve pragas na Bretanha e Irlanda". O argumento que mais demonstra se tratar de uma evidência histórica é que também Gildas mencionou a Batalha do Monte Badon, cuja ocorrência registrou a mesma data do seu nascimento, descrevendo-a como "a última matança do inimigo, depois do que, durante toda a sua vida, teria sido refreado o avanço saxônico no sudeste e no sudoeste". Além disso, em uma conhecida história marcada por ausência de nomes próprios, Gildas, apesar de não falar no nome de Arthur, cita o nome da batalha, atribuindo-lhe importância singular.
Os anais dizem que Arthur lutou por três dias e três noites, o que é verossímil, pois Gildas chamou essa batalha de cerco obsessio Badonici. O fato de Arthur ter carregado a cruz nos ombros explica-se pela possível troca de palavras shield (escudo) por shoulder (ombros). A localização da colina chamada Badon é controvertida, mas supõe-se que deva estar localizada além de Kent e Essex, na rota do avanço saxônico.
É a partir desta batalha que a penetração anglo-saxônica proveniente do sudeste se interrompe, quando já tinha atingido as fronteiras da planície de Salisbury, em Berkshire e Hampshire, reiniciando somente meio século mais tarde. Não é sabido se Arthur e seus guerreiros atingiram o topo ou se foram os sitiantes; de qualquer modo o resultado foi o massacre dos saxões. Essa referência e aquela em que tanto Arthur como Modred morrem na Batalha de Camlann foram os profundos alicerces com os quais se ergueu a elevada e bem estruturada fama de Arthur.

A Historia Brittonum

Em segundo lugar, em importância como documento histórico, é a coleção do monge galês Nênio, da metade do século VIII, onde, segundo ele, agrupou tudo aquilo que havia encontrado nos anais romanos, os escritos dos santos padres e a tradição dos sábios. Esta coleção faz parte da Historical Miscellanny e é conhecida como Historia Brittonum (História dos Bretões). Começa com a recapitulação de outros trabalhos, inclusive o cálculo das seis era do mundo, iniciando com o Dilúvio; a seguir vem o que é chamado de seção independente, informações das quais Nênio foi a única fonte. Relata a carreira de Vortigern e o estímulo dado aos saxões. Nênio conta a história da descoberta, feita por Vortigern, de um menino clarividente, chamado Ambrosius, cuja mãe confessa ter sido ele gerado por um íncubo. Esse menino diz que o castelo que Vortigern se esforça tanto para construir não ficará em pé e avisa-lhe para drenar o poço que ele encontrará debaixo de suas fundações. Assim que for esvaziado, nele se descobrirão dois dragões: um vermelho e outro branco que lutarão entre si. O branco vence o vermelho e o menino diz que a luta prediz a vitória saxônica sobre os bretões.
Depois dessa fábula vem uma passagem que, apesar de ter sido escrito muito tempo depois, será tão preciosa quanto os registros dos Anais da Páscoa.
Inicia indicando uma data: "Depois da morte de Hengist, seu filho Octha, proveniente do norte da Bretanha, fixa-se em Kent, de onde inicia a dinastia dos reis de Kent". A ascensão de Octha, sob o nome de Aesc, ocorreu em 488, de acordo com a Crônica Anglo-Saxônica. Nênio continua: "Então, naqueles dias, Arthur lutou contra eles junto com os reis bretões, tendo sido o líder das batalhas".
Isto mostra que, após a retirada dos romanos, muitos reis, soberanos de pequenos reinos britânicos, uniram-se contra os saxões, sendo Arthur comandante geral das tropas combinadas. Não foi somente Nênio que afirmou que Arthur não foi um rei propriamente dito; em outro capítulo do livro The Marvels of Britain (As maravilhas da Bretanha), ele o chama de um simples soldado, ou miles; Nênio fala ainda de Cabal, o cachorro, e do túmulo de Anwr, filho de Arthur,
o soldado.
A próxima passagem é rápida e misteriosa; é uma lista das doze batalhas onde Arthur lutou, das quais apenas duas são passíveis de identificação. Nênio diz que a primeira batalha ocorreu no rio Glen, que pode ser tanto em Northumberland como em Lincolnshire. A segunda, a terceira, a quarta e a quinta batalhas aconteceram no rio Dubglas, in regio Linnus, o que pode significar Lindsey, em Lincolnshire. A sexta foi em Bassas, nome que não foi traduzido. A sétima foi a Batalha de Caledonian Wood, que se acredita ser uma floresta em Strathclyde. A oitava foi na Tor Guinnion, lugar que não foi identificado geograficamente, mas é assinalado pela narração de que ali Arthur teria carregado nos ombros a imagem da Virgem Maria, por cuja virtude e pela de Jesus Cristo, os pagãos teriam sidos expulsos. A nona ocorreu na cidade de Legion, nome romano de Chester. A décima foi na praia de Tribuit; a décima primeira, na montanha de Agned; e a décima segunda no monte Badon, e foi aí que Nênio disse que tinham caído novecentos e sessenta em um violento ataque desfechado por Arthur. Apesar de não ser possível delinear com exatidão onde ocorreram parece que as batalhas ocorreram em uma área ampla, que ia de Strathclyde, no noroeste oriental, talvez até Northumberland ou, mais para o sul, até Lincolnshire; de Chester no oeste até algum lugar no sudoeste, onde o combate do monte Badon culminaria com uma vitória definitiva, estabelecendo, por fim, cinqüenta anos de paz.

O Reino de Camelot
Lenda e Arqueologia

Camelot seria o reino onde Arthur estabelecera sua corte, mas onde ficava Camelot e de onde teria surgido este nome?
Supõe-se que o nome Camelot, referindo-se à suposta capital de Arthur, tenha sido dado pela primeira vez, no século XII, pelo romancista francês Chrétien de Troyes. Não há nenhuma garantia histórica sobre a existência de tal capital e essa idéia só entra na história depois que o general Arthur se transformou mitologicamente na figura do rei. Acredita-se que Camelot seja uma corruptela francesa para camalodunum, nome romano de Colchester. Em 1542, um antiquário chamado John Leland visitou a colina de Cadbury, em Somerset, que os habitantes chamavam de Palácio de Arthur, e ficou realmente convencido de que lá ficava a Camelot de Arthur, o que levou a chamá-la de Camelot e interpretar erroneamente o nome da vila vizinha de Queen's Camel, dizendo que originalmente poderia ter-se chamado Queen's Camellat. Essa associação infeliz ocultou as pretensões de cadbury ser a verdadeira fortaleza de Arthur.
Cadbury, próxima a Glastonbury, é um monte de 75 metros de altura cujo topo se estende por 8 hectares. O monte é cercado por quatro elevações, uma acima da outra, remanescentes de antigas obras de defesa. Em 1960, provou-se que o local foi habitado entre 500 e 400 a.C.; que os romanos a encontraram ocupada, massacraram alguns de seus habitantes e removeram o restante para o nível do solo; e que mais tarde desmantelaram o forte e aplainaram o topo da colina. Outro estágio das escavações arqueológicas revelou que a colina havia sido re-fortificada em 470 d.C., fato provado pela presença nos muros e pilares, de fragmentos de cerâmica do estilo Tintagel do século V.
Os locais foram sugeridos para a capital de Arthur, como Caerlon-on-Usk, no País de Gales, mostrado nos textos de Godofredo de Monmouth. O patrono de Willian Caxton, que editou a versão de Malory da lenda de Arthur, afirmava que existia uma cidade de Camelot, no País de Gales, que parecem ser os remanescentes romanos de Caerleon. Já Malory identificava Camelot como sendo a atual Winchester. No entanto, parece que as maiores evidências são para a Colina de Cadbury como a fortaleza de Arthur, já que esta servia perfeitamente como quartel-general para alguém que estivesse lutando no sudoeste da Inglaterra, em uma batalha travada no perímetro da planície de Salisbury.

Arthur, por Malory
A Lenda Imortalizada

Foi através do romance de Sir Thomas Malory que a lenda do rei Arthur se cristalizou e tomou a forma que conhecemos hoje.
Malory, segundo pesquisas recentes, fora acusado de uma série de crimes: emboscada, roubo, estupro, roubo de gado e chantagem para extorsão de dinheiro. Às vezes estes crimes foram atenuadas, outras tantas vezes, negados, mas, se tudo tivesse sido provado, Malory não seria nem o primeiro nem o único escritor cuja conduta teria sido altamente anti-social.
Diz-se que Malory foi um cavaleiro de York que serviu, quando jovem, a Richard Beauchamp, conde de Warwick, e que por algum delito, real ou suposto, foi preso pouco antes de 1462. Acredita-se ainda que, naquele ano, acompanhou Warwick em uma expedição contra o exército que Margarida de Anjou recrutara na Escócia e trouxera à Inglaterra, fazendo pilhagens pelo caminho. Quando Warwick virou a casaca e se aliou a Lancaster, lutando contra o exército de Eduardo IV em Barnet, acredita-se que Malory mudou de lado também. Isto, se verdadeiro, explicaria porque, quando Eduardo IV, em 1468, expediu dois indultos a cavaleiros que lutaram com Lancaster, Malory não foi incluído.
Malory esteve na prisão provavelmente em 1468 e acredita-se que tenha morrido neste local, pois foi enterrado na Igreja dos Franciscanos, ao lado da prisão de Newgate. Também é provável que tenha terminado o livro na prisão, pois no final da sua última obra escreve: "Rogo a todos vocês, damas e cavalheiros, que leiam este livro sobre Arthur e seus cavaleiros, do começo ao fim, e que rezem por mim enquanto estiver vivo. Que Deus me dê redenção e, rogolhes, rezem por minha alma quando eu já estiver morto".
Apesar de aborrecida, a prisão de Malory permitiu-lhe escrever um dos maiores trabalhos sobre Arthur na língua inglesa. Uma ampla coletânea de diversas fontes - parte tradução, parte adaptação -, que incluem versões metrificadas da história arthuriana: Morte Arthur (Morte de Arthur), de Thornton, Arthour and Merlin (Arthur e Merlin e a versão em estrofes de Le Morte Artu (A Morte de Arthur); mas a principal fonte foram as cinco histórias, imensamente longas, do Ciclo Popular Francês (ou Ciclo Bretão). Outras partes do trabalho do qual nenhum original foi encontrado são consideradas de sua autoria. Como conseguiu acesso a uma biblioteca para fazer suas pesquisas é um mistério.
Confrontando-se o original de Malory com a forma conhecida, pode-se notar uma grande diferença estrutural. Isto revela o quanto o impressor mexeu na obra.
William Caxton, que começou a vida como vendedor de tecidos, fundou, em 1474, a primeira editora inglesa. Foi ele quem editou a obra de Malory: Morte d'Arthur, por causa da persuasão de vários nobres e cavalheiros que, segundo ele, perguntavam porque ele não imprimia a história do famoso rei Arthur. Após Caxton fazer a sua versão, cujo manuscrito desapareceu, nenhum exemplar do texto de Malory foi encontrado, apesar de parecer que tinham sido feitos vários exemplares deste trabalho. Somente após a descoberta de um exemplar do texto de Malory na Fellows' Libary, no Winchester College, em 1934, pôde-se demonstrar o quanto Caxton mexeu na obra original de Malory.
Caxton disse que havia dividido o seu trabalho em vinte e um livros, cada qual divididos em capítulos. E fez mais: disfarçou o fato de que Malory havia escrito oito contos separados e independentes; alterou a ordem na qual Malory os tinha articulado e omitiu todos os finais escritos por Malory, exceto os últimos, com finalidade de fazer com que o livro parecesse não uma coleção de histórias, mas um todo homogêneo.

Traduzido por: Parsiphal
Revisado por: Guinevere

Rito de York‎

Esclarecimentos sobre o nome do Rito



ALGUNS ESCLARCIMENTOS QUANTO AO NOME DO RITO (TRABALHO) NO BRASIL E SÍNTESE DA HISTÓRIA DO RITO NO PAÍS

Se vasculharmos detidamente os rituais ingleses notaremos que não existem alguns termos os quais foram traduzidos para o português aqui no Brasil de forma inadequada, e que acabaram sendo usados incorretamente e até se tornarem erradamente tradicionais. Em realidade não existe o Rito de York Inglês. Existe sim, o Rito de York Americano que nada tem a ver com sistema ritualístico inglês. O sistema Inglês de Ritualística tem o nome de Arte Maçônica (Craft Masonry) Não encontramos os termos Rito de York (York Rite), e nem o Rito de Emulação(Emulation Rite).

Existem os nomes de Ritual de Emulação(Emulation Ritual) e Trabalho de Emulação( Emulation working).

A partir de l871 foi criado um ritual denominado " The perfect Cerimonies of Craft Masonry" ( Cerimônias Exatas da Arte Maçônica), impresso pela "A Lewis, Publishers" de Londres.

Existe o termo Emulation( Emulação), ligado a uma Loja a "Emulation Lodge of Improvement" (Loja Emulação de Melhoramento)fundada em l823,verdadeira escola de maçonaria onde são dadas instruções por preceptores que ensinam o ritual aos Irmãos, que existe e funciona até a presente data.

Se formos usar o nome do sistema maçônico inglês corretamente deveríamos nos referir a este Rito como Trabalho de Emulação, e Ritual de Emulação aos procedimentos ritualísticos, porque em realidade na Inglaterra, o que nós chamamos de Rito de York, conforme já frisamos lá não existe tal expressão. Lá os maçons se dizem pertencer à Craft Masonry e não a um Rito, como aqui no Brasil. Craft significa oficio ou arte. Costumam dizer que pertencem ao Oficio Maçônico e não a um Rito.
O sistema inglês de Maçonaria entrou no Brasil através da " Orphan Lodge" no Rio de Janeiro em 28.06.l837. Em 2l.09.l839 também no Rio de Janeiro, foi fundada a "St.Jonh's Lodge" e a terceira Loja foi a "Southern Cross Lodge" em Recife que recebeu a Carta Constitutiva ou Carta Patente em 25.04.l856. Todas estas Lojas receberam autorização diretamente, isto é, a Carta Patente da Grande Loja Unida da Inglaterra. Não tinham quaisquer vínculos com a Maçonaria Brasileira. Estas lojas tiveram existência efêmera. mas marcaram oficialmente o contato do Brasil com o sistema ritualístico inglês. A última delas a abater colunas foi a"Southern Cross Lodge" em l872 ou l873.

O Grande Oriente do Brasil ao Vale dos Beneditinos, depois Grande Oriente Unido (dissidente do GOB) fundado em 09.l1.l863 por Saldanha Marinho fundou três lojas, pelo sistema americano, onde o Rito usado tem realmente o nome de Rito de York, sem relação com o sistema inglês. Foram elas: a Loja "Vesper" no Rio de Janeiro em 30.ll.1872 a "Washington Lodge" em Santa Barbara do Oeste -Sp. onde imigraram americanos após a Guerra Civil Americana e a "Lessing" em Santa Cruz do Sul no Rio Grande do Sul em 22.03.l880.

Entretanto a primeira loja de origem inglesa fundada sob os auspícios de uma Potência no Brasil foi a Loja "Eureka" em 21.10.l891 pelo GOB.

Em 21.l2.l9l2 o Grande Oriente do Brasil assinou um tratado com a Grande Loja Unida da Inglaterra, onde houveram dois textos, um em português, onde foi traduzido como "Grande Capítulo do Rito de York" e no inglês como "Grand Conseil of Craft Masonry in Brazil", cuja tradução correta seria " Grande Conselho do Ofício Maçônico no Brasil", evidentemente se referindo à Maçonaria Simbólica. No brasão emblemático, estão inseridas as letras G.C.C.M. na parte superior e Brasil com "z" na parte inferior.

As lojas componentes deste Grande Conselho, ou Grande Capítulo como querem os brasileiros foram:

"Eureka Lodge " nº.440 - Rio de Janeiro Fundada em 22.10.189l
"Duke of Clearence"nº.443- Salvador Bahia Fundada em10.10.1892
"Morro Velho Lodge"nº. 648- Nova Lima-Mg. Fundada em 20.03.1899
"Lodge of Unity" nº.792– São Paulo –Sp Fundada em 22.09.1902
"St. George's Lodge" n.8l7 – Recife – Pe Fundada em30.06.1904
"Lodge of Wanders" nº 856 – Santos – Sp. Fundada em 05.09.1907
"Eduardo VII Lodge"nº903 – Belém – Pa. Fundada em 10.11.1911

A última Loja, a sétima, foi fundada para que se pudesse criar o Grande Capítulo, ou Grande Conselho. Outras Lojas vieram a fazer parte deste Corpo, como a "Campos Salles Lodge";nº966 em São Paulo -Sp.; "Lodge of Friendship" nº.975 em Niterói- RJ; " Centenary Lodge" nº.986 em São Paulo -Sp.; "Royal Edward Lodge" nº l.096 no Rio de Janeiro.

Em 06.05.l935 estas Lojas passaram a fazer parte de uma Grande Loja Distrital, já que as Lojas juridiscionadas à Grande Loja Unida da Inglaterra fora do Reino Unido são agregadas em Distritos. A Grande Loja Distrital no Brasil ( hoje, Grande Loja Distrital para a América do Sul –Divisão-Norte) teve a anuência do Grande Oriente do Brasil para esta situação, já que a maioria dos membros destas Lojas era de origem inglesa. E alem do mais em troca, interessava e muito ao GOB o reconhecimento formal da Grande Loja Unida da Inglaterra. Cessava assim as atividades do Grande Capítulo ou Grande Conselho, como seria o nome correto. Esta Entidade não conferia graus, não se tratava de um Corpo de graus superiores, já que estes não existem neste sistema ritualístico. Foi criada mais para se tratar de assuntos administrativos.

Em l920, o Irmão Joseph Thomas Wilson Sadler do quadro da Loja "Lodge of Unity" de São Paulo, baseado na Edição de l9l8 do Ritual " The Perfect Cerimonies of Craft Masonry" fez uma tradução do Ritual inglês para o português com a aprovação da Grande Loja Unida da Inglaterra. Ele usou corretamente a expressão " Cerimônias Exatas da Arte Maçônica" e não mencionou a expressão Rito de York.
Em l976 foi reimpresso o Ritual de l920, e aí apareceu a expressão "Rito de York", que aliás já vinha sendo usado há muito tempo, consagrando assim definitivamente no Brasil, um nome que não existe no sistema inglês, quando se sabe que lá na Inglaterra este Trabalho (Rito) não tem esta denominação. Como todos os Rituais usados atualmente pelos brasileiros estão baseados nesta tradução, e como foi inserido em l976 o termo Rito de York, ainda que de forma incorreta, tornar-se-á- muito difícil após muitos anos se desfazer deste erro que já se tornou corriqueiro e de uso geral.

A versão feita pelo Irmão Sadler tem incorreções com relação à tradução, se bem que poucas, porem um dos maiores erros deste Ritual foi colocarem o V:.M:.e demais Oficiais com os três pontinhos, quando sabemos que eles não existem no sistema ritualístico inglês. O correto seria V.M., conforme abreviamos as palavras na língua portuguesa.

Atualmente esta tradução foi copiada pelas demais Potências o seu diálogo usado em todo Brasil, é praticamente o mesmo mas existem dificuldades com relação a liturgia, a qual os ingleses fazem questão, quem sabe, com muita razão de esconde-la. Não ligam muito se outros povos praticam ou não seu sistema, a não ser os do Commonwealth. E os brasileiros, são useiros e vezeiros em "escocesar "qualquer sistema quer inventando quer enxertando procedimentos. Há dificuldade aqui no Brasil em se freqüentar as Lojas Distritais inglesas, já que poucos Irmãos entendem a língua inglesa. Aprendemos alguma coisa com Irmãos brasileiros que freqüentam tais lojas, bem como com Irmãos que pertencem à Potências reconhecidas pela Grande Loja Unida da Inglaterra e que freqüentem lojas na Inglaterra quando de passagem por aquele país.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

DNA de Brasileiro é 80% Europeu, indica estudo

Um novo retrato das contribuições de cada etnia para o DNA dos brasileiros, obtido com amostras das cinco regiões do país, indica que, em média, ancestrais europeus respondem por quase 80% da herança genética da população. A variação entre regiões é pequena, com a possível exceção do Sul, onde a contribuição europeia chega perto dos 90%.

Os resultados, publicados na revista científica "American Journal of Human Biology" por uma equipe da Universidade Católica de Brasília, dão mais peso a resultados anteriores, os quais também mostravam que, no Brasil, indicadores de aparência física como cor da pele, dos olhos e dos cabelos têm relativamente pouca relação com a ascendência de cada pessoa.

Em média, ancestrais europeus respondem por quase 80% da herança genética da população brasileira, de acordo com estudo

Quem vê cara não vê DNA

"No Brasil, a pigmentação da pele está, em grande medida, desacoplada da ancestralidade, por conta do grau de miscigenação. Em muitos casos, você percebe que há uma relação muito fraca entre a autoidentificação que a pessoa faz, dizendo-se branca ou negra, e o que os dados de DNA revelam, embora a gente não tenha levado isso em conta durante esse trabalho em particular", disse à Folha Rinaldo Wellerson Pereira, que coordenou o estudo.

Embora os resultados sejam interessantes do ponto de vista histórico e antropológico, o principal objetivo de Pereira e companhia é obter uma ideia mais clara da composição genética da população como ferramenta para entender correlações entre o DNA e uma série de doenças.

Sabe-se que todo tipo de moléstia pode ter relação com a ancestralidade do doente, mas os dados sobre a associação entre uma coisa e outra disponíveis hoje são, quase sempre, de populações como europeus ou norte-americanos, nas quais a mistura étnica teve importância relativamente baixa. Daí a necessidade de conseguir dados originais no Brasil.

Os resultados foram obtidos com amostras de 200 pessoas, divididas em cinco grupos de mesmo tamanho, cada um deles oriundo de zonas urbanas de uma das regiões do Brasil. Os voluntários conseguiram na Justiça o direito de ter seu DNA examinado gratuitamente em investigações de paternidade e assinaram formulários aprovando o uso do material genético para a pesquisa.

"Como são pessoas que não podiam pagar pelo exame, é possível que a amostra contenha uma proporção maior de pardos do que a população geral, embora nós não tenhamos feito essa análise", diz Pereira.

Para estimar as contribuições relativas de europeus, africanos e indígenas, os pesquisadores usaram um conjunto de 28 SNPs (pronuncia-se "snips"), minúsculas variantes genéticas que correspondem à troca de uma única "letra" no alfabeto químico do DNA. (Cada pessoa carrega, em seu genoma, 3 bilhões de pares dessas "letras"). Muitos SNPs são típicos de determinadas populações do mundo, sendo bem mais frequentes em europeus ou africanos, por exemplo.

Pais postiços

A segunda fase da análise é comparar a presença desses 28 SNPs no DNA dos brasileiros estudados com a distribuição deles em populações "parentais", ou seja, que poderiam servir como uma versão simulada dos grupos que se miscigenaram e deram origem à população brasileira atual.

Para isso, os pesquisadores recorreram a amostras de DNA de africanos (de Botsuana, Camarões, Gana e Senegal), americanos de Chicago e Baltimore com origem europeia e índios zapotecas, do México.
"Como os SNPs discriminam a ancestralidade em nível continental, essas populações parentais são suficientes, embora não reflitam historicamente as nossas", avalia Pereira.

População mestiça

Os resultados obtidos pela equipe de Brasília são mais uma prova do cuidado necessário para estudar a associação entre doenças e características genéticas numa população miscigenada como a brasileira.

"Já houve estudos de associação genética com grupos definidos como "brasileiros brancos e brasileiros negros". No fundo, essas definições não querem dizer absolutamente nada", afirma Pereira.

Em países como os EUA, conta ele, já chegaram ao mercado alguns medicamentos voltados de forma específica para os americanos de origem africana, levando em conta o fato de que o organismo de pessoas de diferentes ascendências reage de maneira variada a certas substâncias. "Agora, imagine uma droga dessas no Brasil. Não adianta uma pessoa ter aparência africana para você prever se ela vai responder ao remédio. Não tem como saber se ela possui o bendito alelo [variante genética] ligado àquela resposta", explica.

Poucos genes

Se parece misterioso o fato de que uma pessoa com biotipo africano tenha organismo "branqueado" e ascendência predominantemente europeia, é preciso levar em conta o fato de que, até onde se sabe, são poucas dezenas de genes (dentre os 20 mil estimados para o genoma humano como um todo) que coordenam as diferenças de pele, cabelos e olhos.

É por isso que uma contribuição pequena das outras etnias ainda caracteriza a aparência de muitos brasileiros.

BRASIL GANHA SEU PRIMEIRO RETRATO GENÉTICO


Mais de 40 milhões de brasileiros brancos carregam uma herança genética de antepassados indígenas

Sobrevivem no DNA de milhões de brasileiros brancos lembranças vivas de tribos indígenas há muito desaparecidas. A revelação está no primeiro retrato genético do brasileiro, realizado pela equipe do geneticista Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

A pesquisa pioneira quantifica a mistura de europeus, índios e negros que deu origem ao brasileiro. Os cientistas descobriram que nada menos do que 33% de linhagens ameríndias no genoma do brasileiro dito branco.

- Isso nos permite calcular que 45 milhões de brasileiros têm herança materna genética dos índios. Embora a população indígena brasileira atual represente cerca de 10% do tamanho da que existia na época do Descobrimento, o número de pessoas com DNA mitocondrial (que existe dentro de estruturas celulares chamadas mitocôndrias) indígena aumentou mais de dez vezes - salientou Pena.

Genética ajuda a entender formação do país

O chamado retrato molecular do brasileiro faz eco às análises histórica, sociológica e antropológica realizadas por nomes como Darcy Ribeiro e Gilberto Freyre. Porém, mostra que a mistura de povos é ainda maior do que a imaginada. Segundo o estudo, a maioria das linhagens paternas da população branca do país veio da Europa (mais de 90%), todavia, 60% das linhagens maternas são de origem ameríndia ou africana. A união do branco com negras e índias é uma marca da formação do Brasil, mas os geneticistas não esperavam encontrar um grau de miscigenação tão grande.

- Usamos novas ferramentas, a genética molecular e a genética de populações, para reconstituir o processo que gerou o brasileiro branco atual - explicou Pena.

Os cientistas estudaram o DNA de 247 pessoas (200 homens e 47 mulheres) das regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, uma amostra considerada significativa.

Pena explicou que restringiu o estudo à população branca porque, além de esta ser majoritária no Brasil (51,6% da população), já existem várias análises sobre a proporção de genes europeus no negro brasileiro. O DNA dos índios brasileiros também tem sido estudado. No entanto, não havia nenhum grande estudo sobre a presença de genes ameríndios e africanos na população branca. As amostras (colhidas com consentimento das pessoas) foram selecionadas de indivíduos pertencentes às classes alta, média e baixa, de forma que o resultado fosse o mais representativo possível.

Os geneticistas da UFMG usaram as duas grandes ferramentas da arqueologia molecular para decifrar a história guardada pelo DNA do brasileiro. A primeira é o estudo do cromossomo sexual masculino Y - área na qual Pena tem um trabalho pioneiro, que revelou que os índios americanos descendem de povos da área central da Sibéria.

A segunda é a análise do DNA mitocondrial, herdado apenas pela via materna. Esse DNA existe apenas dentro das mitocôndrias e tem uma taxa de mutação bem conhecida por geneticistas. É justamente através do estudo dessas mutações que os pesquisadores podem identificar marcas genéticas associadas a determinadas etnias. Trabalhos nessa linha têm revelado como foi o processo de ocupação das Américas há mais de 20 mil anos e como o homem se dispersou pelo planeta.

As informações contidas no cromossomo Y são herdadas apenas do pai e contam a história dos ancestrais do sexo masculino. Já o DNA mitocondrial ajuda a revelar a origem materna. A combinação dos resultados permitiu aos cientistas traçar um retrato das uniões que ao longo dos últimos 500 anos geraram o brasileiro atual.

Garimpo de genes promete revelar tribos extintas

Pena não esconde a empolgação com a descoberta da grande parcela de DNA de origem indígena no código genético de brasileiros. Ele ressalta que no caso do Sudeste a questão se torna ainda mais interessante, uma vez que a maior parte das tribos que existiam nos primeiros séculos da colonização do Brasil está extinta ou reduzida a pouquíssimas famílias.-

Descobrimos no DNA do branco linhagens indígenas perdidas, que podem ser herança de tribos outrora importantes como os aimorés e botocudos - disse Pena.

Agora, ele e sua equipe (composta pelos geneticistas Denise Carvalho, Juliana Silva, Vânia Prado e Fabrício Santos) se preparam para iniciar uma garimpagem genética de tribos perdidas no DNA da população branca das regiões onde essas tribos viviam, como os vales do Jequitinhonha e do São Francisco, em Minas.

- Podemos descobrir grupos de índios pioneiros, completamente extintos, o que é importante para compreender o povoamento do Brasil. Vamos garimpar genes e podemos encontrar algumas pepitas de ouro - espera o cientista da UFMG.

Saiba mais sobre raça

No artigo em que descrevem o retrato do DNA do brasileiro, a equipe da UFMG faz questão de aspear a palavra raça. O motivo é simples: do ponto de vista genético, as raças humanas simplesmente não existem. Não há diversificação suficiente entre os povos para que certos grupos possam ser classificados biologicamente como raças, disse Sérgio Pena.

Geneticistas dizem que o termo raça é uma construção social e cultural. Para eles, o que existem são etnias, isto é, grupos populacionais que têm características físicas ou culturais em comum. A questão da raça é justamente um dos temas do Congresso Brasileiro de Genética, que acontecerá em setembro e que este ano terá o título "Brasil, 500 anos de mistura genética".

Jornal: O GLOBO / Autor: Ana Lúcia Azevedo
Editoria: Ciência e Vida / Tamanho: 876 palavras
Edição: 1 / Página: 51
Coluna: / Seção:
Caderno: Primeiro Caderno