sexta-feira, 9 de julho de 2010

4 de Julho - Independência dos Estados Unidos

4 de julho é um ato de respeito
Por Paulo Tedesco

-->4 de Julho nos Estado Unidos é coisa séria.

O vermelho, azul e branco tomam conta das ruas e calçadas. Bandeiras para todos os lados, estrelas e símbolos da Independência espalhados por vários lugares, uma festa própria da cultura gestada nesta porção de terra chamada Estados Unidos da América. Verdade é que muitos brasileiros ficam decepcionados com a dita "festa", afinal sempre esperamos festa popular parecida com o que vemos no Brasil, barulho, alegria e euforia, todo mundo estravazando sem preconceito. Mas as coisas são um tanto "mortinhas", claro que há fogos de artifícios, celebrações, mas muito longe do ritmo verde-amarelo lá do sul do hemisfério.

Talvez isso signifique seriedade e respeito pelas coisas da pátria, ou simplesmente a maneira norte-americana de celebrar suas datas. Mas apesar desta postura, a lição do 4 de Julho é universal, serve para brasileiros, mexicanos, argentinos, europeus, africanos e todos outros povos que sabem o valor da independência. Poderíamos, aqui neste espaço, levantar dados históricos, traçando assim um paralelo, uma comparação entre a história americana e as demais do continente, citar datas além da de 4 de Julho de 1776, buscar momentos em que pudéssemos descobrir porque este lado das Américas deu certo. Porquê Estados Unidos e Canadá alcançaram a posição de riqueza, enquanto as demais nações, com passados semelhantes, permaneceram no atraso e subdesenvolvimento.

Mas quem acompanha os jornais e a vida cotidiana, bem sabe as demonstrações de maturidade e independência nas atitudes deste povo e seu governo. O caso do menino Eián, que envolveu do presidente do país e sua secretária de justiça (equivalente ao ministro brasileiro) até altas esferas da diplomacia local, resultou numa demonstração de respeito as instituições e as autoridades. A lei e a lógica sempre estiveram na direção da decisão tomada, e assim foi feito, Elián voltou a Cuba e a outra parte mesmo protestando acatou a decisão das autoridades. Outra grande demonstração de força e independência, algo não muito comentado na imprensa em português, foi a prisão e condenação da "prefeita" de Hallandale. Em pouco mais de 6 meses, averiguou-se, julgou-se e condenou-se uma mulher eleita para o cargo que ocupava. Sob as acusações de mandante do assassinato do esposo, perjúrio e falso testemunho, foi sentenciada, e aguardará na cadeia uma última acusação de fraude aos seguros. Bem parecido com os fatos no Brasil, não é?

Quanto ao Brasil, infelizmente a palavra independência soa estranho para muitos. Nossas mazelas a muito se sabe são frutos de um país em crise permanente. De um lugar em que mesmo tendo presidente eleito pelo voto do povo, este não se importara em rasgar uma constituição que mal dava seus primeiros passos. Se os americanos preservam a sua original de 1776 com adendos, na nação brasilis, após muitas constituições, ainda permanece o sinistro hábito de fazer-lhes alterações ao ponto de trasnfigurá-las. Isto quando não a deformam totalmente, pois afinal, alguns interesses mudaram de acordo com os ventos. Mas isto é somente a ponta do iceberg.

Este desrespeito as coisas sagradas de um país democrático, ou até de uma ditadura, tem raízes em algo que nos Estados Unidos foi resolvido a bala. Enquanto no Brasil mandava-se esquartejar quem lutava pela independência e, entre outras atrocidades, perseguia-se e deportáva-se qualquer suspeito. Os norte-americanos tiveram agilidade e maioridade histórica, para organizarem-se e rápido pegar em armas, para primeiro expulsarem o Inglês colonizador e, anos depois, lutar em sangrentas batalhas contra os donos do atrazo (latifundiários e escravistas) que insistiam na maneira antiga de se fazer um país. Lutaram contra uma elite que ainda existe, que ainda ergue sua bandeira na Carolina do Sul, mas a derrotaram num momento crucial de sua história, tão importante que hoje são herdeiros da nação mais forte do mundo.

Na nossa nação continente, embora também tenham havido lutas como na Revolta dos Alfaiates na Bahia, na Inconfidência Mineira e Revolução Farroupilha, estas não foram fortes o suficiente para lograr a vitória diante do português colonizador nem das elites do atrazo. Suas forças lograram vitórias que ainda hoje se ouvem Brasil adentro, mas não conseguiram expulsar esta elite muito bem encastelada no poder. Um tipo de gente que nunca se importou de usar os métodos mais rasteiros de recuperar ou manter o poder em suas mãos. Suas pegadas sujas seguido se vêem nos corredores da justiça, prefeituras, governos de Estado e governo Federal. Sempre se valem da corrupção e banditismo, comprando quem lhes convier e tentando eliminar quem lhes ameace. Não que os Estados Unidos também não tenham sua roupa suja, têm e muita, mas ninguêm sabe na recente vida americana, de um presidente que despudoradamente comprou os votos de deputados para aprovar mudanças na constuição do país. Que doou cargos e pagou em dinheiro vivo senadores e os mesmos deputados para proteger interesses externos e internos!

4 de Julho serve para isso. Para que reflitamos e aprendamos como se fazem as coisas por aqui. Como se forjam a justiça e o respeito ao cidadão. Talvez seja esse o motivo desta comemoração um tanto tímida aos olhos brazucas, a comemoração da Independência dos Estados Unidos da América, ainda traz viva conflitos e discordâncias de um povo e sua elite. Mas que apesar das diferenças e da história que ainda pulsa, os valores de respeito às suas instituições e os limites de cada um são alvos de muito debate e que poucos tem a ousadia de questionar. Muito ao contrário da realidade na maioria dos países da América do Sul, em especial da nossa pátria verde-amarela.

Apesar das frustações e sentimentos de derrota e solidão, as vitórias, quando ocorrem, são como pincéis de tinta em ação, pintam o passado de lutas na cor orgulho e dignidade.

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