quinta-feira, 21 de maio de 2009

A fusão da Grande Loja da Guanabara e a GLERJ

por Felisberto S. Rodrigues


Em 7 de maio de 1984, a Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, ex-Grande Oriente Independente do Rio de Janeiro e futura Grande Loja Maçônica do Rio de Janeiro, suspendeu os direitos maçônicos de diversos Irmãos pertencentes à extinta Grande Loja da Guanabara. Deve ser observado que o Decreto de suspensão, sempre que faz referência à Grande Loja da Guanabara, coloca o adjetivo extinta, deixando claro que jamais foi realizada a fusão.
Na verdade, a Grande Loja da Guanabara, ex-Grande Loja Symbolica do Rio de Janeiro e ex-Grande Loja do Rio de Janeiro (uma das Grandes Lojas originais de 1927), autoextinguiu-se em 22 de setembro de 1982. Jamais houve fusão!
As Lojas Maçônicas que dela faziam parte, uma vez extinta sua potência-mãe, foram aos poucos filiando-se à Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, como provam seus números. Primeiro filiaram-se as Lojas da Grande Loja Regular da Guanabara (que haviam deixado a Grande Loja da Guanabara em 1970) e depois as Lojas da extinta Grande Loja da Guanabara:
Lojas da Grande Loja Regular da Guanabara: Rei Salomão 41ª nº 36; Sete de Setembro nº 40; União e Progresso nº 41; Fraternidade e Progresso nº 42; Luiz de Camões nº 43.
Lojas da Grande Loja da Guanabara: Constância nº 56; Participação e Liberdade nº 57; Progresso e Ordem 36 nº 58; Liberdade 47 nº 59; Másrio Behring 25 nº 60; etc
A Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, quando houve a fusão do Estado, orquestrou, junto à Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, o isolamento e a morte da Grande Loja da Guanabara. Como tinha recebido sua Carta Constitutiva da antecessora dela (a Grande Loja do Rio de Janeiro), pode-se acusar a Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro de matricídio. O mais irônico é que a GLMERJ perdeu sua Carta original e está condenada a jamais reavê-la por uma segunda via...

Cronologia

2 de junho de 1927
Foi criada a Grande Loja Symbolica do Rio de Janeiro, a segunda do sistema de Grandes Lojas (a primeira foi a Grande Loja da Bahia);
14 de agosto de 1944
Passou a chamar-se Grande Loja do Rio de Janeiro;
30 de março de 1944
Fundado o Grande Oriente Independente do Rio de Janeiro, dissidência do Grande Oriente do Brasil, depois Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro e hoje depois Grande Loja Maçônica do Estado do Rio de Janeiro;
30 de março de 1946
Grande Oriente do Rio de Janeiro recebe Carta Constitutiva da Grande Loja do Rio de Janeiro (perdida no início da década de 50);
1956
Grande Oriente do Rio de Janeiro passa a denominar-se Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro;
26 de outubro de 1970
Lojas dissidentes da Grande Loja do Rio de Janeiro fundam a Grande Loja Regular da Guanabara;
31 de março de 1975
Com a criação do Estado da Guanabara, mudou o nome para Grande Loja da Guanabara;
Julho de 1975
Na IX Assembléia da CMSB - Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, começaram os entendimentos para uma possível fusão da G.L.Guanabara e G.L.Estado do Rio de Janeiro;
13 de outubro de 1975
Reunião das duas Grandes Lojas para determinar como seria feita a fusão;
27 de março de 1976
a Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro começa a incorporar as Lojas da Grande Loja Regular da Guanabara, que não pertencia à CMSB, mas que estavam no território da Grande loja da Guanabara.
1977
Malogram as tentativas de fusão: a Grande Loja da Guanabara, em 7 de fevereiro, e a Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, em 26 de março de 1977 desistem da fusão;
17 de julho de 1980
Grão-Mestres das duas Potências assinam decreto s/nº, estabelecendo a fundação da Grande Loja Unida do Rio de Janeiro em 20 de agosto de 1981.;
22 de maio de 1981
Artigo de O Globo denuncia suposta vinculação de Maçons brasileiros à Loja P2 italiana;
21 de julho de 1981
Grão-Mestre da G.L. Guanabara abandona a Assembléia da CMSB. Proclamação da CMSB exclui a G.L. Guanabara;e, finalmente:
14 de setembro de 1982
A Grande Loja da Guanabara, pelo Decreto nº 487, decreta sua própria extinção jurídica!!!

Transcrição do decreto de 7 de maio de 1984
A prova de que nunca houve fusão está no corpo do próprio decreto transcrito abaixo nas cláusulas que interessam. Se a GLMERJ tiver sumido com este decreto (o arquivo deles é uma bagunça só), não tem importância. Tenho uma penca deles em meus arquivos implacáveis. Acho até que vou publicar no “Terrível”:
“Nós, Cláudio Moreira de Sousa, Sereníssimo Grão-Mestre da Muito Respeitável Grande Loja do Estado do Rio de Janeiro, na forma do que preceituam as nossas Leis:
CONSIDERANDO que no dia 07/02/1964 este Grão-Mestrado recebeu do Mestre Maçom Waldomiro Liberato Pinto livro de sua autoria Intitulado “Teoria e Prática de Regularidade Maçônica”, publicado pela Editora Cátedra, o qual, pelos inúmeros afazeres do Grão-Mestre, somente neste último mês pode ser lido e refletido, longamente sobre o quanto nele se contém; [...]
CONSIDERANDO finalmente que, diante de todos esses fatos e sua omissão por parte dos dois Past-Grão-Mestres e do atual Grão-Mestre da Grande Loja da Guanabara, mais, ainda, a recusa deste em prestar, sobre os mesmos, os esclarecimentos solicitados pelos 22 Grão-Mestres das Grandes Lojas Brasileiras, reunidas em Salvador na XII Assembléia Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, esta determinou a exclusão da Grande Loja do âmbito da Confederação, com a deliberação , unanimemente aprovada, de que todas as Grandes Lojas confederadas, com esta rompessem seus tratados de reconhecimento.”
CONSIDERANDO que extinta a M. Resp. Gr. Loja da Guanabara suas Lojas e obreiros filiaram-se a esta Potência sem que, contudo, os RResp. Irmãos Antonio Rodrigues Lopes, Walter Amêndola, Heitor Correa De Mello, Waldemiro Liberato Pinto, João José Ávila, Walter Fernandes, Bráulio Carlos Bezerra Filho, Levi De Sousa, Jorge De Sousa Arêas, Júlio Haratz, William De Sena, José Bonifácio De Oliveira, Giampiero Cunji, Pedro Dos Santos e José Bolchai Sales, todos citados pela imprensa como envolvidos com a Loja P-2, até a data presente tenham apresentado uma linha sequer em explicação e/ou abono à sua conduta, certo que o Escândalo da chamada Loja P-2 continua a ser apresentado na Imprensa, como de notório conhecimento; [...]”

5 comentários:

  1. Prezado Sr.
    Apenas por mera curiosidade, o que aconteceu depois com os Srs. Heitor Correa de Mello, William de Sena e Gualter Carlos de Menezes (ex-Gr.:Tesoureiro), todos integrantes da extinta Grande Loja da Guanabara?

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    1. O segundo morreu, do primeiro não tenho notícia recente e o terceiro é um bancário aposentado. Em comum, todos tiveram padrão de vida bem modesto.

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    2. O segundo morreu, do primeiro não tenho notícia recente e o terceiro é um bancário aposentado. Em comum, todos tiveram padrão de vida bem modesto.

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    3. O segundo morreu, do primeiro não tenho notícia recente e o terceiro é um bancário aposentado. Em comum, todos tiveram padrão de vida bem modesto.

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  2. Algum desses nomes é possível manter contato hj em dia?

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