O Senador Cristovam Buarque nos leva com este texto a um importante tema para reflexão. Vivemos fechados entre muros e grades e ainda assim com medo. Vale a pena? Paulo Freire dizia: educai as crianças e não precisarás prender os adultos.
O Brasil se formou fazendo muros e não pontes entre seus habitantes. No começo, os muros separavam negros dos brancos, a casa grande da senzala. Hoje separam as favelas e os condomínios, os shoppings e as ruas dos centros das cidades, há um muro separando as classes sociais. Até a justiça é separada: de um lado, justiça dos pobres que prende quem rouba comida no supermercado; de outro, aquela que deixa livre os que roubam milhões. Porém quando excepcionalmente um rico vai preso, há um muro separando as cadeias: a comum para uns e a especial para outros.
E cada vez que um muro não consegue manter a separação, em vez de se construir pontes constroem-se novos, mais altos e mais grossos muros.
No lugar de ser enfrentada nas suas causas sociais, criando-se pontes entre ricos e pobres, a desigualdade é enfrentada com muros dos condomínios, vidro blindado dos carros, vigilância ampliada, muralhas com guardas separando os que podem e os que não podem entrar na modernidade. Não vai demorar para surgir a idéia de imensas muralhas cercando os bairros nobres das grandes cidades. Muros pedem mais muros.
O Brasil não será uma nação enquanto, no lugar de pontes a sociedade preferir muros. O incrível é que além de mais decente e eficiente, é muito mais econômico fazer pontes do que muros. O custo para manter as pontes de uma educação de qualidade é muito menor do que continuar gastando os imensos recursos para compensar as perdas decorrentes dos muros ineficientes que preenchem o nosso país separando cada bairro um do outro, cada casa uma da outra, cada escola uma da outra, cada corporação uma da outra.
A primeira de todas as pontes seria a igualdade na qualidade da educação para todas as crianças do Brasil. A escola é a ponte social que permite conectar as pessoas e as classes transformando um país em uma nação. Um país pode ser dividido por muros, uma nação só existe quando há pontes entre as pessoas que dela fazem parte.
A desigualdade na renda pode continuar, mas é preciso igualdade de oportunidade para todos, o que só se consegue a partir de uma educação equivalente para todas as crianças. Em um país com tamanha desigualdade entre as cidades, a igualdade de oportunidades não vai existir enquanto a educação e as crianças forem municipalizadas. O custo da federalização da educação básica não é elevado. É muito inferior ao “custo da omissão”: o custo de não fazer, de não tomar essas decisões agora, de não federalizar a educação básica.
Ainda é tempo de que no lugar de governos de muros comecemos a ter governos de pontes. O futuro de um país tem a cara de sua escola.
Cristovam Buarque senador do Distrito Federal pelo PDT, foi Ministro da Educação no primeiro ano do governo Lula. No Senado é chamado de Senador da Educação pela sua defesa intransigente da educação como principal arma para a transformação social, política e econômica do Brasil.
O Brasil se formou fazendo muros e não pontes entre seus habitantes. No começo, os muros separavam negros dos brancos, a casa grande da senzala. Hoje separam as favelas e os condomínios, os shoppings e as ruas dos centros das cidades, há um muro separando as classes sociais. Até a justiça é separada: de um lado, justiça dos pobres que prende quem rouba comida no supermercado; de outro, aquela que deixa livre os que roubam milhões. Porém quando excepcionalmente um rico vai preso, há um muro separando as cadeias: a comum para uns e a especial para outros.
E cada vez que um muro não consegue manter a separação, em vez de se construir pontes constroem-se novos, mais altos e mais grossos muros.
No lugar de ser enfrentada nas suas causas sociais, criando-se pontes entre ricos e pobres, a desigualdade é enfrentada com muros dos condomínios, vidro blindado dos carros, vigilância ampliada, muralhas com guardas separando os que podem e os que não podem entrar na modernidade. Não vai demorar para surgir a idéia de imensas muralhas cercando os bairros nobres das grandes cidades. Muros pedem mais muros.
O Brasil não será uma nação enquanto, no lugar de pontes a sociedade preferir muros. O incrível é que além de mais decente e eficiente, é muito mais econômico fazer pontes do que muros. O custo para manter as pontes de uma educação de qualidade é muito menor do que continuar gastando os imensos recursos para compensar as perdas decorrentes dos muros ineficientes que preenchem o nosso país separando cada bairro um do outro, cada casa uma da outra, cada escola uma da outra, cada corporação uma da outra.
A primeira de todas as pontes seria a igualdade na qualidade da educação para todas as crianças do Brasil. A escola é a ponte social que permite conectar as pessoas e as classes transformando um país em uma nação. Um país pode ser dividido por muros, uma nação só existe quando há pontes entre as pessoas que dela fazem parte.
A desigualdade na renda pode continuar, mas é preciso igualdade de oportunidade para todos, o que só se consegue a partir de uma educação equivalente para todas as crianças. Em um país com tamanha desigualdade entre as cidades, a igualdade de oportunidades não vai existir enquanto a educação e as crianças forem municipalizadas. O custo da federalização da educação básica não é elevado. É muito inferior ao “custo da omissão”: o custo de não fazer, de não tomar essas decisões agora, de não federalizar a educação básica.
Ainda é tempo de que no lugar de governos de muros comecemos a ter governos de pontes. O futuro de um país tem a cara de sua escola.
Cristovam Buarque senador do Distrito Federal pelo PDT, foi Ministro da Educação no primeiro ano do governo Lula. No Senado é chamado de Senador da Educação pela sua defesa intransigente da educação como principal arma para a transformação social, política e econômica do Brasil.
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