domingo, 28 de fevereiro de 2010

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Nossa convivência no meio maçônico há de ser pautada sempre no mais perfeito compartilhar.
O homem, ainda profano, sendo proposto em uma Loja Maçônica, participa indiretamente do nosso compartilhar. Afinal, circulado seu nome, temos que dar vazão aos nossos sentimentos pessoais e compartilhar com ele a nossa visão e o nosso sentimento maçônico, de maneira que prevaleçam as suas virtudes.
Ainda assim, passamos por uma outra prova do compartilhar, quando aprovamos seu nome. Quando do escrutínio, despojados dos nossos sentimentos profanos, subjugando paixões e submetendo nossas vontades, damos a mais importante prova do verdadeiro compartilhar.
Uma das maiores provas da eficácia do compartilhar está na aceitação de irmãos em nosso Quadro, ainda que por filiação ou regularização. Esses irmãos, já portadores de insígnias maçônicas, e devidamente qualificados para pertencerem a quaisquer Lojas, independentemente dos galardões alcançados e dos títulos recebidos ou dos cargos que ocuparam ou ocupam, como prova de igualdade, dando espaço à liberdade, buscam a fraternidade dos demais irmãos da Loja na qual desejam ser filiados ou regularizados, submetendo seu nome à apreciação da Assembléia, que culmina com o compartilhar para a aceitação ou não do requerente. E isto é um processo indispensável a qualquer Loja Maçônica que receba requerimento neste sentido.
Infelizmente, este compartilhar não se faz presente na mente de muitos dos irmãos. Exemplificando, usaremos o Regulamento, quando o irmão solicita o quite-placet em caráter irrevogável.
Aí está o amparo àqueles irmãos que faltam com a delicadeza para com todos os irmãos de uma Loja à qual pertence e que deseja desligar-se do seu quadro.
Solicitando o quite em caráter simples, a Loja terá que apreciar, e, costumeiramente os Veneráveis de Loja, usando do compartilhar, nomeiam Comissão para dirimir possíveis dúvidas e manter o irmão no Quadro. Além do mais, da mesma maneira que a Loja foi consultada para receber ou não dito irmão, o faz agora quanto ao seu pedido de retirada.
O pedido do quite em caráter irrevogável pode significar que o irmão esteja dizendo: “Quero meu quite e pronto. Pouco me importa o que vocês pensam. Afinal, não quero sequer ouvir suas opiniões a respeito do meu pedido”
A explicação para esse entendimento reside no fato de que para entrar, o irmão teve a humildade de submeter seu nome à apreciação da Loja. Acolhido da melhor forma possível e compartilhando deste eterno compartilhar, entendemos que o irmão não tem o direito de menosprezar as idéias da maioria, sob pena de se quebrar a eficácia do compartilhar.
O quite, quando pedido justamente e embasado em motivos reais, toda e qualquer Loja será sábia o suficiente para entender e atender.
Mas, os irmãos poderão dizer: “Não está contido na lei?” Sim. Está na lei. E temos o livre arbítrio para escolhermos a forma que melhor se adequar ao nosso perfil maçônico, o qual cada um conhece melhor que ninguém. É através das alternativas da vida que expressamos o que somos, o que queremos, o que sentimos e o que pensamos.
Sem querer ir longe, o pedido de quite em caráter irrevogável é, no mínimo, uma incoerência, pois para aqui chegarmos, independentemente da forma que chegamos, se por iniciação, filiação ou regularização, passamos pelo crivo das opiniões de toda a Assembléia, a qual tecemos agradecimentos pela decisão. Se a palavra de cada irmão pesou para o meu ingresso a ponto de merecer agradecimentos e julgar importante, como pode perder toda a importância?
Isto porque, conforme o Regulamento, obrigatoriamente o pedido terá que ser atendido. E será atendido pela Administração da Loja, não pela Assembléia. Simplesmente, o Venerável bate o malhete. E pronto.

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