terça-feira, 2 de março de 2010

A CONDUTA DE UM MAÇOM


A vida em comum exige sacrifícios:
- Sacrifício pela compreensão, que às vezes não estamos dispostos a dar;
- sacrifício pela percepção do que as pessoas possam pensar sobre um determinado assunto, a fim de nos cuidarmos para não ofendê-las (ninguém gosta de ser ofendido);
- sacrifício pelo respeito que devemos ter para com os outros, situação que muitas vezes não queremos considerar.
Esses sacrifícios podem vir num acumular constante em nosso ego. Chegará um ponto em que irá explodir, já que nossas fraquezas são tantas, e a nossa capacidade de esforço para suportar tanta pressão é muito limitada.
Para nós, maçons, isso não serve de justificativa. Não deve ser a maneira correta de pensar, nem devemos concordar com essa explosão. E isso por uma razão muito simples: nós praticamos a tolerância; temos uma capacidade maior de suportar qualquer pressão. A tolerância não significa que sejamos coniventes com situações discordantes. Pelo contrário. Mas as colocações devem ser feitas dentro de um espírito respeitoso, educado, entendendo que as pessoas são como são. Elas têm também o seu modo de pensar, que acham ser o mais correto. Nós não temos o direito de menosprezá-las, por não concordarmos com o seu ponto de vista.
Acima e antes de qualquer explosão, devemos manter o equilíbrio. Em qualquer situação e local. Seja em Loja ou fora dela. Não é porque "Cristo expulsou os vendilhões do templo", que também nos é dado o direito de explodir; que nos é dado o direito de ofender ou tratar grosseiramente o nosso Ir.’..
Lembremos que Cristo expulsou e foi grosseiro com os vendilhões do templo. Ele não expulsou os seus seguidores, no caso, os apóstolos, mas sim os vendilhões.
E se fizermos uma análise daquele tempo, de como agiam Cristo e seus discípulos, do seu pequeno e restrito número de "OObr.’.", das ações praticadas, e das reuniões que faziam, podemos chegar a dizer que eles formavam uma Loja Maçônica. Eles eram maçons. Por acaso já havíamos pensado nisso?
E dizemos isto, mesmo sabendo como a história terminou. Entre eles havia um traidor (comum e conhecido de todos nós); seus seguidores negaram até uma simples amizade que poderia existir entre eles, quando um dos "OObr.’.", o Cristo, mais necessitava; e esse "Obr.’.", participante ativo e um líder dentro dessa provável Loja, acabou sendo crucificado sem que qualquer um dos outros fizesse alguma coisa para impedir.
Esses fatos podem suscitar alguns questionamentos: "que tipo de IIr.’. eram esses?"; "que ambiente maçônico era esse?"; "onde estava o espírito maçônico no momento em que um deles passava os piores momentos da vida?".
Pois é. O que prevaleceu em toda essa história, foi a fraqueza humana. E nós, do alto da sabedoria em que nos colocamos muitas vezes queremos ignorar essa fraqueza. Se entre eles houve o que houve, imaginem entre nós.
Mas nós somos assim. Cheios de imperfeições. E achamos que estamos certos. Quando teremos a humildade de aprender isso?
Freqüentemente fazemos as nossas orações. Entre elas, a mais comum, independente de credo religioso ou de idioma: o "Pai Nosso". Num certo trecho diz: "... venha a nós o vosso Reino".
Será que nos comportamos e agimos condignamente para receber esse Reino? Lembre-se que nos referimos ao Reino de Deus. Entre os maçons, homens iniciados, isso pode ser mais fácil. Quando reunidos em Loja, podemos dizer que estamos num patamar superior ao que ocorre no mundo profano. Fechados dentro do Templo nos elevamos a um nível mais sublime, mais profundo. De maior contemplação, que oferece condições de meditação o tempo todo. Isso porque somos iniciados. E poucos o são. É um privilégio de alguns terem um ambiente tão propício para receber o Reino de Deus.
Mas, mesmo assim, apresentamos dificuldades em assimilar e conhecer verdades tão marcantes na vida do homem e tão comum no Reino de Deus. Às vezes esquecemos a diferença entre humildade e orgulho. Esquecemos que deve prevalecer o altruísmo sobre o egoísmo. Colocamos as nossas vaidades acima de tudo. Achamos que devem prevalecer as nossas vontades pessoais em detrimento do que pensa a maioria. Achamos que só nós sabemos distinguir o certo do errado. O que é bom, do que é mau.
Faz-se necessário que tenhamos equilíbrio em nossas ações. Que respeitemos as opiniões alheias.
Afinal, nós vivemos em união. Não nos esqueçamos da corda de 81 nós, que nos cerca pelo alto, acima de nossas cabeças.
É fundamental andarmos de mãos dadas. É fundamental entendermos que as diferenças existentes não possam ser consideradas tão grandes a ponto de nos diluir. De nos reduzir a nada. De nos reduzir a pó.
Fraternalmente,
Ruy Luiz Ramires

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