quarta-feira, 10 de março de 2010

A T R I T O


Quando lembramos da palavra “atrito”, parece que é algo que deveríamos e queremos sempre evitar. Ocorre que o atrito é decorrente do relacionar-se com o outro e o que mais precisamos é estar em contato, nos encontrando com outrem.

Abaixo um texto dusbons de Roberto Crema, que nos leva a compreender o que podemos aprender quando nos atritarmos com alguém.

Atritos

Ninguém muda ninguém. Ninguém muda sozinho. Nós mudamos no encontro.
Simples, mas profundo, preciso. É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros desde que estejamos abertos e livres para sermos impactados pela idéia e o sentimento do outro. Você já viu a diferença que existe entre as pedras que estão na nascente de um rio e as pedras que estão em sua foz?

As pedras na nascente são toscas, pontiagudas, cheias de arestas. À medida que elas vão sendo carregadas pelo rio, sofrendo a ação da água e se atritando com as outras pedras ao longo de muitos anos, elas vão sendo polidas, desgastadas. Assim também agem nossos contatos humanos.

Sem eles a vida seria monótona, árida. Observação mais importante é constatar que não existem sentimentos bons ou ruins sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela Vida sem se permitir um relacionamento próximo com o outro é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás vejo que hoje carrego em meu ser várias marcas de pessoas extremamente importantes. Pessoas que, no contato com elas me permitiram ir dando forma ao que sou, eliminando arestas, transformando-me em alguém melhor, mais suave, mais harmônico, mais integrado.

Outras, sem dúvida, com suas ações e palavras me criaram novas arestas que precisam ser desbastadas.
Faz parte... Revezes momentâneos servem para o crescimento. A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo ainda, nessa análise.
Começamos a jornada da vida como grandes pedras cheias de excessos.
Os seres de grande valor percebem que ao final da vida foram perdendo todos os excessos que formavam suas arestas, se aproximando cada vez mais de sua essência e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos que somos pequenos, ínfimos, dada a compreensão da existência e importância do outro, e principalmente da grandeza de Deus, é que nos tornamos grandes em valor.
Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira de excesso para chegar no seu âmago.
É lá que está o verdadeiro valor... Pois Deus fez a cada um de nós com um âmago muito forte e muito parecido com o diamante bruto, constituído de muitos elementos, mas essencialmente de Amor.

Deus deu, a cada um de nós, a capacidade de amar... Mas temos que aprender como. Para chegarmos a esse âmago, temos que nos permitir, através dos relacionamentos, ir lapidando todos os excessos que nos impedem de usá-lo, de fazê-lo brilhar.
Por muito tempo em minha vida acreditei que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ser ferir e ser ferido, ter e provocar raiva, ignorar e ser ignorado faz parte da construção do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar sentindo todos estes sentimentos contraditórios e ... os superando.
Ora, esses sentimentos simplesmente não ocorrem se não houver envolvimento... E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final:
Atrite-se! Não existe outra forma de descobrir o Amor. E sem ele a Vida não tem significado!

Nenhum comentário:

Postar um comentário