quarta-feira, 14 de outubro de 2009

7° Parábola de Cristo

A dupla parábola que temos aqui está curiosamente aliada à que vem em seguida, sobre os cães e porcos, mas vamos examinar cada par separadamente. As quatro figuras de linguagem estão unidas entre si, uma vez que tratam de um só tema que o Senhor ilustra, ou seja, os princípios que nos devem reger quando formos exercer algum julgamento. Ambas as "duplas", igualmente, podem ser exercidas e podem acontecer em nossa vida. Quando nosso Senhor disse "Não julgueis, para que não sejais julgados", protestava contra aquele tipo de julgamento que condena. É necessário que haja um senso de seleção, e quando Cristo usa o exemplo do cisco e da trave, ordena isso, e o uso que fez daqueles exemplos mostra que podemos exercer julgamento de forma errada; e o exemplo dos cães e porcos mostra como o julgamento, mesmo sendo terrível ao ser aplicado, tem de ser exercido. Se for para julgarmos, não deve ser segundo a aparência, mas um julgamento justo, baseado no exercício de perceber as diferenças e fazer a classificação. E assim que o Juiz de toda a terra julga. Qual é o verdadeiro significado das imagens notáveis do exemplo do cisco e da trave?

1. Cisco. Temos aqui uma pequena lasca, um pequenino pedaço da trave, um minúsculo objeto. Ellicott comenta que o substantivo grego traduzido aqui significa um "talo" ou "renovo" e não uma partícula de poeira voando pelo ar, que nos vêm à mente quando pensamos na palavra "cisco". Uma ilustração como essa era familiar aos judeus e encontra-se nos provérbios e sátiras de todos os professores da nação sobre estar pronto, quando se trata de ver as faltas dos outros; e estar cego aos seus próprios defeitos. As falhas pessoais merecem a atenção perspicaz e cuidadosa que nunca lhes damos. Robert Burns apresentou uma verdade preciosa nestes versos:
Oh! que Poder nos foi dado, De ver-nos como os outros nos vêem!


2. Trave. Esse termo significa um pedaço grande de madeira, como se fosse uma parte de um tronco de árvore que dificilmente caberia dentro da cabeça de alguém, muito menos no olho. Se um cisco, por ser tão pequeno, a ponto de não ser visto, faz a pessoa sofrer, uma trave no olho torna-se algo quase grotesco, por causa de seu tamanho. O que é a trave! O dr. Campbell Morgan diz que "não é um pecado vulgar. A pessoa culpada de um grande pecado nunca critica quem tenha cometido uma pequena transgressão". O homem pode ver um cisco no olho do irmão, algo errado na vida dele que não deveria estar ali. Porém, não deve ser cego a ponto de não enxergar a trave que está em seu olho, uma falha ainda maior do que aquela que ele observa na vida do irmão.


7ª PARÁBOLA
Nosso Senhor nos adverte seriamente do grande defeito de sermos acusadores, o que é muitas vezes encarado mais como deficiência do que pecado. O pecado do espírito é pior do que o da carne. "Não há outro pecado tão explosivo, tão destrutivo, tão condenado, quanto o espírito que exerce um julgamento com atitude de recriminação sobre outra pessoa [...] A recriminação presta atenção ao cisco e critica o irmão. Essa recriminação é uma trave que cega o homem." Se nos aproximamos de um irmão que tem um cisco no olho com amor e não no espírito de condenação e censura, Deus vai-nos julgar da mesma maneira. Podemos concluir o seguinte com base no ensino do Senhor:


1. Os que encontram defeitos nos outros sempre têm as mesmas falhas que reprovam. "Você sempre pode conhecer as fraquezas de alguém por aquilo que essa pessoa detesta [...] A vespa reclama das picadas das outras pessoas [...] O seu defeito pode ter uma aparência diferente da falta de quem o ofende, mas essencialmente você possui os defeitos pelos quais tem antipatia."


2. Os que encontram defeitos nos outros podem ter as falhas que reprovam em maior escala do que o seu próximo. Essa forma de encontrar defeitos normalmente é evidenciada por hipocrisia, ao afirmarmos que somos livres dos defeitos que, de modo geral ou específico, apontamos nos outros. Os que pensam assim devem tomar as devidas providências para curar as suas falhas, em vez de tentar sarar as dos outros.

3. Jamais julguemos, a não ser que seja nosso dever fazê-lo; e, se o fizermos, devemos condenar a ofensa, não o ofendido; pois devemos limitar o nosso julgamento ao lado terreno da falha cometida, não interferirmos no relacionamento da pessoa com Deus, que enxerga o coração e sabe tudo sobre a ignorância e as enfermidades que podem reduzir o peso da culpa dos pecados das pessoas. Se tivermos de corrigir alguém, que não seja com reprovação áspera, mas pelo exemplo de humildade, amor e oração. "O céu é o mundo do amor", diz Glover, "e o amor se harmoniza com ele, sendo dele a essência.
A aspereza destituída de amor é mais apropriada para a herança da perdição. Cultive o caráter que se sentiria em casa, se estivesse no céu".

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