
O artigo não menciona o caso Goldman – compreensível, já que concentra nos casos dentro do Brasil. No entanto, traz uma opinião interessante da ex-desembargadora e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Maria Berenice Dias. Lembram dela, a mesma que defendeu que Sean continue longe do pai?
“Estamos vivendo uma outra era, em que se reconhece o dano afetivo causado pela ausência dos pais, tanto quanto das mães,” afirmou ela.
O documentário “A morte inventada” também é destacado, assim como alguns detalhes da experiência pessoal do seu autor, Alan Minas, ele mesmo uma vítima da alienação, ao ser impedido de ver a própria filha. “Fiz o filme por não ter voz como pai,” disse Minas.
A atenção que o tema tem ganho no mundo inteiro não se configura um complô contra as mães. Mas um protesto correto de que o que está em jogo é o bem-estar e a saúde mental da criança. Ouça o que os filhos, já adultos, falam depois que tudo é desmascarado.
“Não foi fácil descobrir que minha vida foi uma mentira. Não sei que dor é maior: de ter crescido sem pai ou de ter sido enganada pela mãe,” disse Karla.
Para o juiz paulistano Elizio Perez, “a impunidade do genitor alienador é o que o faz seguir em frente.” Perez acredita que se aprovado, o Projeto de Lei 4.053/2008, do deputado Régis Oliveira (PSC-SP), poderá ajudar o Judiciário a lidar melhor com a alienção parental. O projeto prevê até dois anos de prisão para o genitor alienador.
A “Época” mostra também que sem o convívio pleno com os pais verdadeiros, em alguns casos as crianças são forçadas a chamar seus padrastos de “pai.”
Mas o mundo está se moldando para a nova realidade. Em alguns países, como Estados Unidos, Alemanha e Canadá, tem sido cada vez mais comum a inversão da guarda quando o genitor que a detém não permite ou não incentiva o convívio da criança com o outro genitor.
Um comentário da advogada e psicóloga da PUC-RJ, Alexandra Ullmann, também seria muito esclarecedor, se aplicado ao caso Goldman.
“O ser humano não se lembra claramente do que lhe aconteceu até seus 4 ou 5 anos (de idade). Se a mãe ou o pai que vive com o filho informá-lo sobre acontecimentos do passado, ele vai acreditar e criar lembranças irreais,” disse Alexandra à revista.
Portanto, assim como disse o padrasto de Sean em entrevista a CBS (os bebês não se lembram de muita coisa), a irmã carioca do menino americano não terá o coração partido se ele voltar para Nova Jersey.
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